Resenha: Um outro país para Azzi


Sinopse: Azzi e seus pais correm perigo. E por isso precisam fugir às pressas, deixando para trás sua casa, seus parentes, seus amigos, suas profissões e sua cultura. Ao embarcarem rumo a um país desconhecido, levam, além da pouca bagagem, a esperança de uma vida mais segura. Azzi terá de enfrentar a saudade que sente da avó e muitos desafios: aprender outra língua, acompanhar a preocupação dos pais, adaptar-se à nova casa e cidade, frequentar a nova escola e fazer novas amizades.



Um outro país para Azzi foi uma grata surpresa enviada pela minha parceira Editora Pulo do Gato ❤ Seguindo a “tradição” das últimas semanas, o tema central do livro casa direitinho com as últimas obras que tenho lido, fugindo daquela usual “água com açúcar” que muitas editoras propõem para os pequenos.


Na obra, toda representada por meio de quadrinhos [belissimamente ilustrados e coloridos, dialogando diretamente com os textos], conhecemos Azzi uma menina que vive com sua família num país que está em guerra [uma boa sacada da autora foi não delimitar exatamente qual o país em que Azzi e sua família viviam, fazendo, assim, com que o leitor divague em sua própria imaginação e perceba que mudanças e adaptações são dinâmicas que ocorrem na vida de TODOS, independentes de onde vivem e como vivem]. Por conta dos perigos da guerra,  a família de Azzi é obrigada a se mudar, deixando a vovó para trás, e este é o ponto de partido da história.


Acompanhamos todo o processo de adaptação de Azzi e seus familiares no novo país em que chegam. A dificuldade em entender a língua, a diferença cultural e a ausência da vovó permeiam essa nova realidade vivida pela menina que, pouco a pouco, vai se adaptando a nova realidade, transformando-se e crescendo enquanto ser humano.


A história é bela, completamente ATUAL e muito envolvente. Já li o livro três vezes, uma vez sozinho, quando chegou, uma vez com as crianças aqui no Espaço de Leitura e mais uma vez agora antes de resenhá-lo. É incrível como você se pega refletindo internamente sobre a atualidade durante a leitura e sobre como as pessoas conseguem sobreVIVER em ambientes assim.


Um outro país para Azzi é um livro que trata sobre a tenacidade do ser humano. Sua habilidade de sobreviver às vicissitudes da vida e a persistência perante os obstáculos que se sobrepõem em sua caminhada pessoal.


 Aqui no Espaço de Leitura o livro foi muito bem recebido [vale ressaltar que a edição é lindíssima, o livro é em capa dura e belamente ilustrado]. Uma criança, ao pegar o livro nas mãos e folheá-lo, disse que “com certeza esse aqui deve tratar sobre exílio e refugiados”, fiquei maravilhado quando ele falou isso, pois, nós ainda não havíamos sequer iniciado a leitura. Após a leitura tivemos um longo debate sobre as diferentes realidade existentes ao redor do globo terrestre, a gratidão que devemos sentir para com nossa própria realidade que, apesar de estar longe do ideal, é muito mais “aceitável” que aquelas vivenciadas pelos países em guerra e, também, sobre como o ser humano é capaz de se adaptar e reinventar e sobreviver a tudo e qualquer coisa negativa que encontra pelo caminho.


Como já disse em outras resenhas, em minha opinião, uma boa obra literária é aquela que instiga, mexe com os sentimentos e te faz pensar. Um outro país para Azzi é uma obra assim, capaz de levantar discussões e reflexões internas e externas, pessoais e coletivas. Vale MUITO a pena a leitura!


  • Ganhador do Little Rebels Children's Book Award 2013
  • Aprovado pela Anistia Internacional




*Livro recebido em parceria com a Editora Pulo do Gato.


Um outro país para Azzi

Autor: Sarah Garland
Capa dura
Número de páginas: 36 páginas
Editora: Pulo do Gato 
Compre na Amazon clicando aqui


Para justificar nosso amor ❤

Foto: @moniqueguastti

Confabulando - Espaço de Leitura

   No Bairro de Fátima, comunidade em que vivemos desde a infância, notamos que não há uma grande comunidade de leitores e sentimos que havia a necessidade de criarmos algo que suprimisse as necessidades culturais de nossos pares. Portanto, decidimos abrir as portas de nossa casa e criar o Confabulando – Espaço de Leitura com a missão de fomentar nas pessoas a paixão pelo universo das palavras, estimulando o gosto pela leitura e semeando afeto.


   Nossa intenção é de propagar ações culturais que realizarão mudanças positivas na vida das pessoas tendo como principal fundamento a afetividade. Para que essas mudanças possam ocorrer de fato, realizamos mediação de leitura em nossas dependências, empréstimos de livros, contação de histórias e apresentação de dança e movimento, bem como, representações teatrais e algumas oficinas.


   Nossa meta é expandir o alcance de nosso trabalho, aumentando nosso acervo e oferta diversificada para toda a comunidade e, também, todo o município. Buscamos o estabelecimento de parcerias com empresas e pessoas que compartilhem de nossos valores, que são: amor, equidade, fraternidade, liberdade e responsabilidade social.


   Esperamos encontrar mais pessoas engajadas e a fim de realizar mudanças por meio da leitura e da cultura.


   Queremos iniciar uma Revolução do Amor.



   Você está conosco?


*Estamos com uma campanha de Financiamento Coletivo, colabore conosco! ACESSE: https://goo.gl/wQkbNR

Resenha: Um dia, um rio ❤



[...]


Recebi Um dia, um rio há certo tempo, mas, não estava conseguindo encontrar palavras para vir descrevê-lo e “explicá-lo” de maneira que fizesse jus à sua perfeição.


Sim.


Este é um livro perfeito.


[..]


A única palavra que me vem à cabeça para dissertar sobre esta espetacular obra de Leo Cunha e André Neves é: BREATHTAKING. Um dia, um rio é de tirar o fôlego, capaz de mexer com o emocional do leitor de maneira sublime, poética e lírica.


“Acredito que o papel deste livro, antes de mais nada, é encantar o leitor pela arte da palavra e da imagem. É o maior papel da literatura infantil. Além disso, esse livro vai tratar de forma poética e delicada um tema pesado e importante da nossa época: a valorização da natureza, dos rios, das praças, das comunidades, do convívio social, das brincadeiras  infantis, todos postos em risco pela ganância das grandes empresas que não fazem o mínimo para nos proteger”, explica o autor Leo Cunha.


O livro traz a história da tragédia que assolou a Bacia do Rio Doce no ano de 2015. No livro o rio é retratado na forma de uma criança simples e inocente que, sem esperar, encontra-se diante de uma máquina gigantesca e assombrosa que a inunda com lama e lixo, desestabilizando sua vida e virando do avesso sua realidade.



“Eu era melodia... Hoje sou silêncio”
[minha passagem favorita do livro. Quando o li pela primeira vez arrepiei ao ler estas palavras e observar as ilustrações]




Uma lamúria… Uma lamentação… Um dia, um rio é um grito de socorro. Grito este que sai de dentro da garganta de um rio que, sem poder se defender, acabou sendo invadido e impregnado pela destruição humana.


“Meu leito virou lama,
Meu peito, chumbo e cromo.
Minhas margens, tristeza.
[...]
Com lágrimas de minério, vou sangrando até o mar.”


É impossível não se emocionar. Especialmente por ser algo tão recente, tão “fresco na memória”, uma tragédia de magnitude nunca vista antes em toda a história. Um terror que assombra os subconscientes de todos.


Um dia, um rio não é apenas um livro infantil.

É poesia.

É arte.

É lamento.

É amor.

*Livro recebido em parceria com a Editora Pulo do Gato


Um dia, um rio

Autor: Léo Cunha
Número de páginas: 32 páginas
Editora: Pulo do Gato 
Compre na Amazon clicando aqui




Encantamento



Mais uma manhã de sol. Os gritos ecoavam enquanto do chão subia uma fina camada de poeira que cobria todo o pátio. A profusão de diferentes formas e tamanhos se fazia notar, conforme as crianças passavam correndo.


          De repente, algo me chamou a atenção. Não eram gritos, nem alguém que havia caído…


          No canto do pátio, encostados no muro, lá estavam eles, contrastando com aquilo que ocorria à sua volta, parados, em silêncio, apenas ouvindo a sinfonia desenfreada que o pátio tomava.


          Resolvi me aproximar, assim como quem não quer nada.


          De mansinho.


          Com calma.


          Meus amores – disse eu – Por que não estão brincando?


        Ah, tio! – um respondeu – eles correm e empurram e a gente sempre se machuca.


          Pensei, pensei e remoí em meu interior: o que fazer para que aquelas crianças que ali estavam pudessem aproveitar o recreio tanto quanto os outros que a poeira do chão levantavam?


          Resolvi, então, uma história em quadrinhos em minha bolsa pegar. Sentamos debaixo da árvore para a história escutar.


          Em nosso primeiro dia de leitura éramos apenas quatro. Os três e eu, imersos numa realidade paralela, bem diferente daquela que nos cercava.


          Os dias foram passando.


          As leituras continuaram.


          Curiosas, as outras crianças se aproximavam.


          Pouco a pouco fomos aumento de número.


        Hoje, veja só, temos até nome! Somos o Clube da Leitura, que se reúne durante os recreios para o mundo das palavras explorar.



      Já presenciamos invasões alienígenas, sobrevivemos a um apocalipse zumbi, salvamos o Planeta Terra de diversos vilões e, devo confessar, a cada nova aventura, não deixamos de nos encantar.