“Para as crianças que não conseguem se comunicar com o mundo.”
Um espaço para externar minhas inquietações; bem como escritos e fragmentos de textos que saem de minha mente um tanto quanto desconexa e atribulada; pensamentos e criações ao mesmo tempo coerentes e irregulares. De tudo um pouco e muito de nada. Um local para suprir minha necessidade de escrita... Às vezes a melhor maneira de se fazer entender é expondo os sentimentos através das palavras.
“Para as crianças que não conseguem se comunicar com o mundo.”
“Em 2020, em meio à pandemia que
escancara a fragilidade humana, revelando a importância das artes e dos afetos
a salvaguardar nossa sobrevivência emocional, a editora Pulo do Gato tem a
honra de celebrar, com a publicação deste livro, os 25 anos de carreira do
escritor e ilustrador André Neves.
Viva a poesia e viva o poeta!”
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Devo iniciar confessando que
possuo grande dificuldade para escrever sobre aquilo que amo. Quando digo amo,
quero falar daquele AMOR VERDADEIRO, que nos invade, nos completa, nos
transborda e nos faz transcender…
Esta é a minha relação com a obra
de André Neves. Uma relação de AMOR. Genuíno. Intenso. Complexo.
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Com “Obrigado” André alcança algo
inimaginável! Consegue transpor e transcender sua própria obra, saudando e
brindando aqueles que lhe são caros, que fizeram e ainda fazem parte de sua
vida e, neste percurso, nos permite adentrar em seu universo poético particular
fazendo, assim, com que alcancemos um estágio de poetização da vida
ESPETACULAR.
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Ainda me vejo aqui, mergulhado nessas
“palavras com imagens sonhadas”, deslumbrado, como quando peguei o livro pela
primeira vez.
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Uma das coisas que mais amei foi
a "autoreferência" ao Obrigado, que vem presente em todas as
ilustrações, ora mais explicitamente, ora de maneira mais discreta. Parece-me
que eles (poetas) estão dialogando com o autor, o "Pequeno André",
que os conta o que eles diriam, como se tivesse partilhando um segredo há muito
tempo compartilhado e esquecido... Bem como vão conversando também com os
colegas ao lerem, nas páginas do Obrigado que trazem nas mãos, o que diriam se
fossem "pequenos".
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OBRIGADO, a meu ver, se tornou
uma experiência de IMERSÃO. Mergulhamos, desde os primeiros rascunhos postados
por André, passando pelas (sensacionais!) lives imaginárias e chegando ao
livro, enquanto objeto, num MAR que ora nos nocauteia completamente, fazendo
com que precisemos subir à superfície e recobrar o fôlego, ora nos abraça e,
sutilmente, nos arrebata.
"Às vezes penso imagens com palavras.
É meu jeito de oferecer uma prece à minha infância.
Como acontece?
Não sei.
Acho mesmo que acontece sem acontecer.
É sonho grudado no olho agitando a fantasia."
André, correndo o risco de ser repetitivo (como sempre o sou), preciso dizer, mais uma vez: suas palavras me tocam, invadem, preenchem e fazem tudo que sinto, tudo que existe dentro de mim, assumir novas formas. Uma mutação de vida que nunca havia imaginado.
Suas ilustrações me encantam de
tal maneira que, por mais piegas que possa parecer, não consigo expressar em
palavras!
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Mais uma vez lhe agradeço. Por
ser quem és. Por fazer o que fazes. Por se permitir e, em contrapartida, NOS
PERMITIR.
Sentir. Ser. Estar.
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OBRIGADO!
OBRIGADO
Autor: André Neves ❤️
Número de Páginas: 64 páginas.
Editora: Pulo do Gato ❤️
Compre clicando aqui
Sinopse: Nuno enxergava o mundo por intermédio das imagens.
Sua imaginação clareava os tons mais escuros das folhas de papel. Num desses
rabiscos, ele encontrou Nina, que rabiscava com palavras. Mas Nina não
conseguiu enxergar a vida a partir dos olhos de Nuno, nem perceber que ele
contava o que as palavras não conseguiam expressar.
É muito “engraçado” como a vida é repleta de ciclos, não é?
Talvez engraçado não seja a palavra correta, mas, sei que
vocês irão me entender...
Conheço o trabalho do André Neves há uns bons anos. Mas, nos
últimos três anos, em especial, considero que houve um “estreitamento” em nossa
relação.
Talvez por conta do amadurecimento profissional/pessoal que
tive. Ou por ter aprimorado meu olhar poético… não sei explicar! O fato é que,
atualmente, sinto uma conexão quase que simbiótica com seus livros.
A sensibilidade de seus textos unida a suas impactantes
ilustrações, me deixam, a cada leitura, embasbacado, numa profusão de
sentimentos.
Em “Nuno e as coisas incríveis” conhecemos um garoto que se
expressa por meio das imagens, se equilibrando na imaginação e encontrando a
inspiração escondida em todos os lugares.
Certo dia, na melodia do destino Nuno conhece Nina. E se
encanta! Nina adorava as palavras e a transformava em arte.
Nuno resolve fazer um desenho para Nina. Deposita suas
emoções e sentimentos nesse processo. Nina faz “pouco caso” do presente que
recebe… E aí, meus amigos, se você ainda não tiver sido arrebatado pelos
sentimentos durante a leitura, acontece a magia: ao invés de se permitir
abalar, oprimir ou destruir, Nuno [numa sequência ESPETACULAR de ilustrações do
André!] resolve fazer um mural de coisas incríveis. Quando vemos Nuno pensando
em rasgar seus desenhos, a ilustração mostra o personagem entre uma casa partida
ao meio. Daí, depois de fazer o mural das coisas incríveis, vemos uma sequência
de “costuras” que entremeiam as páginas e mantém a casa inteira. SENSACIONAL,
apenas! [não consigo explicar muito bem em palavras, rs].
Este livro é carregado de memórias afetivas. O ano de dois
mil e dezenove foi extremamente difícil, por inúmeros motivos, na escola em que
trabalhava. Porém, equivalente às situações complicadas houveram outras
permeadas de afeto e partilha. Mantive um Clube de Leitura na escola e, na
última semana de aula, realizamos a leitura de Nuno.
Havia um garoto que esteve presente em TODOS os momentos de
leitura. Meu xodó! Pequenino como era, se aninhava em meu colo para ouvir as
histórias [o que deixava as outras crianças morrendo de ciúmes! Mas isso é
história pra outro dia]. Ao término da leitura de Nuno, debatemos e conversamos
como sempre e, por se tratar da última semana, deixei todo mundo mais à
vontade: alguns foram brincar, outros correr e alguns, como o pequenino,
ficaram comigo para desenhar. Propus que pensássemos e desenhássemos nossas
próprias coisas incríveis. Ele, no auge de seu pequenino tamanho, conseguiu me
desmontar por inteiro: em seu desenho fez uma representação minha, dentro da
escola, com um exemplar de Nuno nas mãos e o coração na garganta, porque eu
amava ler e falar.
“Adormecer no futuro é sonhar em reticências…”
“Nuno e as coisas incríveis” é mais um primor de André
Neves. Uma obra sensível, carregada de expressão e impacto. Um olhar para além
da superfície. Íntimo. Um [re]encontro com tudo aquilo de incrível que há em
nós.
“E só alguns percebiam
Como ele libertava
O que as palavras
Não conseguiam expressar.”
NUNO E AS COISAS INCRÍVEIS
Autor: André
Neves.
Número de páginas:
42 páginas.
Editora: Jujuba.
Compre na Amazon
clicando aqui
Sinopse: Um jovem convive com um grande pintor na condição
de aprendiz de sua arte, mas, diante da humildade e generosidade do mestre,
acaba por aprender mais sobre a vida, o tempo, a cumplicidade e o sentido da
existência. A perfeição, segundo o mestre, é insuportável.
“Enquanto eu continuar na ignorância, não sou ninguém.”
Há livros e LIVROS, não é mesmo?!
Peço perdão e que não me levem à mal pela frase anterior,
mas, o fato é que hoje, infelizmente, vemos uma imensidão de ‘clubinhos’ de
livros e leituras pífios, sem curadoria alguma, com livros de textura, que
desconsideram a inteligência dos leitores e tudo mais…
E por que resolvi iniciar dizendo isso? Porque é
gratificante e RECONFORTANTE quando encontramos livros que nos enriquecem. Que nos
inquietam. Que nos fazem refletir e nos TRANSFORMAM ao final da leitura.
Este é o caso de “Aprendiz da imperfeição”, editado pela
sensacional Pulo do Gato. Quem me conhece um pouquinho muito provavelmente já
me ouviu falando sobre a Pulo [olha a intimidade]. O catálogo da editora é
deslumbrante, em todos os sentidos! Qualidade estética e literária, livros que
não subestimam os leitores e de uma riqueza indescritível.
Em “Aprendiz da imperfeição” conhecemos um menino que viaja
de muito longe com o desejo de ser aprendiz de um grande artista, porém, quando
ele bate à porta do pintor, esse não a abre, recusando-se a aceitar o menino
como aprendiz. Mas, depois de muitas tentativas [e recusas por parte do mestre]
o menino consegue adentrar no ateliê e ser aceito pelo ancião.
Durante a leitura do livro somos levados, como o menino, a
acompanhar todo o processo de trabalho do pintor, até o momento em que há uma
pausa, uma ausência de uma semana e, quando ocorre o retorno, nos deparamos com
o pintor exausto diante de seu maior trabalho: uma tela perfeita.
De muito longe vem visitantes querendo obter a obra. Pelos motivos
mais diversos. Ganância, vaidade, orgulho ostentação… mas, a cada pedido de
compra, o mestre responde:
O final do livro é de uma sensibilidade ímpar! Somos levados
a refletir sobre mil questões, daquelas bem íntimas, que permeiam nosso
[sub]consciente e, ao concluir a leitura, quando vem o silêncio, percebemos
que, de fato, A VIDA É UM CICLO.
As ilustrações são verdadeiras obras de arte e complementam
o texto, levando-nos a fazer outras leituras da obra.
“As ilustrações remetem o leitor à estética visual e à cultura
japonesa. A delicadeza dos gestos e das vestimentas, a beleza dos cenários
internos e a marca da passagem das estações complementam a narrativa com
poesia, ampliando os sentidos do texto. O desfecho retoma o início da narrativa
e ressignifica os papéis de mestre e aprendiz.”
Sinopse: Sobre o capacho da entrada de sua casa, 'Carlota
Cora Cornelius' encontra um envelope endereçado a ela. De quem será a carta
misteriosa? Em sua imaginação e com os olhos do desejo, Carlota lê cartas
aparentemente improváveis, que a convidam a se libertar das suas quatro paredes
e do jugo da mãe. Este é um livro sobre a força dos sonhos e do desejo de
liberdade.
Se pudesse eu também enviaria uma carta à Carlota. Dizendo que
vai ficar tudo bem [...]
O PODER da literatura é fantástico, não é mesmo? Como um
mesmo livro pode causar reações diferentes em cada pessoa, dependendo de sua
trajetória leitora e sensibilidade para com as obras literárias (bem como o
percurso leitor que teve/tem ao longo da vida).
Mas, por que estou dizendo tudo isso antes, de fato, começar
a resenha? Quando resolvi comprar “Cara Carlota Cornelius” estava à procura de “livros
com cartas” e, em minhas pesquisas, encontrei a indicação da obra no caderno de
indicações literárias da maleta do “Trilhas” (se não conhece: corra porque há
um novo curso aberto, o material é muito bom!), uma resenha especializada da A
Taba e, também, um comentário na página do livro na Amazon. Um bem diferente do
outro (os dois primeiros bem positivos, minha cara e o comentário ultra
negativo). Pronto, estava composta a fórmula certa para me deixar
completamente inquieto (antes mesmo de ler o livro!) e comprá-lo sem pensar
duas vezes.
Apaixonei-me de imediato por Carlota. No livro, a conhecemos
logo na primeira página, quando encontra uma carta sobre o capacho. Ela não
acredita. Arregala os olhos. Fica surpresa. Mas é isso mesmo, a carta está
endereçada a ela.
Antes mesmo de conseguir abrir o envelope, sua mãe berra
zangada, no topo da escada, ordenando que ela saia para fazer as compras e
cumprir suas obrigações. Carlota, com o coração aos pulos, pega o envelope e… inicia
a magia inteira do livro!
A menina começa a divagar com seus botões várias
possibilidades para o que poderia estar escrito naquela carta. A cada virar de
páginas somos transportados a um mundo fantástico (incrivelmente ilustrado em
páginas duplas), guiados pela imaginação de Carlota.
E se quem enviou a carta foi o diretor do circo?
E se quem enviou a carta foi o Xeque Abu Dabhi?
E se quem enviou a carta
foi sua amiga Sylvia?
E se…
Quantas possibilidades encontramos quando queremos sair
situações desagradáveis, não é mesmo? Quantas vezes em minha vida me vi como
Carlota, escapando para dentro de mim e divagando comigo mesmo…
O final, confesso, me deixa fascinado toda vez que leio. Assim
como Carlota, toda vez me pego sem lenço nem documento – mas com os olhos
brilhantes!
Se quiser conferir e desvendar o que acontece com Carlota, lá no feed e no IGTV do Instagram, bem como em meu perfil do Facebook, tem a leitura deste livro sensacional!
CARA CARLOTA CORNELIUS
Autor: Mathilde Stein.
Ilustradora: Chuck Groenink.
Número de páginas: 32 páginas.
Editora: WMF Martins Fontes.
Compre na Amazon clicando aqui
Adoro livros que prendem o leitor e o permitem participar da
narrativa.
Em “O caso do pote quebrado”, escrito por Milton Célio de Oliveira
Filho e ricamente lustrado por Mariana Massarani nos deparamos com o pobre
Marreco que estava desolado, pois, enquanto tomava banho na lagoa, um intruso
entrara em sua casa e atirara seu pote ao chão, transformando-o em cacos. A partir
daí ele, determinado em saber quem foi o malvado que havia cometido tamanha
atrocidade, convoca Dona Coruja, investigador de renome, para assumir o caso.
A cada virar de página vemos a coruja usando todo o seu
talento de Sherlock Holmes para desvendar o mistério. Vai investigando os animais
um a um e é aí que está a “mágica” do livro!
Nós, os leitores, acompanhamos a investigação através do
diálogo/entrevista da coruja com os animais. Cada um dá sua justificativa (ou
álibi, como achar melhor) de o porquê não é culpado e, além disso, cada um
aponta um suspeito.
Dá para explorar cada página do livro e estimular a
participação das crianças para desvendarem os suspeitos, tentando adivinhar
qual animal aparecerá ao virar a página (além de tentar adivinhar por meio da
fala e descrição dos animais, Mariana também dá uma pequena pista de cada um
dos novos suspeitos, permitindo-nos vislumbrar um pedacinho do corpo do próximo
animal na ilustração da página direita que antecedem seu aparecimento).
O livro é uma delícia de se ler em voz alta, de apresentar
numa roda de leitura, deixando as crianças (pequenas e grandes, não há idade!)
explorarem as ilustrações (eu, particularmente, AMO o traço da Mariana
Massarani, neste livro ela estava particularmente inspirada, as ilustrações são
belíssimas, todas em páginas duplas) e acompanharem o desfecho dessa história
fantástica.
O desfecho, por sinal, é o ÁPICE de tudo que acontece no
livro! É tão fantástico e imprevisível que, afirmo, vale a pena conferir (não
entregarei aqui para não estragar a surpresa)!
Se quiser conferir e desvendar o que acontece, lá no feed e
no IGTV do Instagram, bem como em meu perfil do Facebook, tem a leitura deste
livro delicioso!
O CASO DO POTE QUEBRADO
Autor: Milton Célio de Oliveira Filho.
Ilustradora: Mariana Massarani.
Número de páginas: 32 páginas.
Editora: Brinque-Book.
Compre na Amazon clicando aqui
Sinopse: Edgar tem um tio que adora contar histórias
arrepiantes. Só que são todas reais... até demais! Uma pequena boneca, uma
moldura dourada, um velho telescópio de latão, entre outros objetos curiosos e
sinistros são provas disso. Mas como o tio Montague teria conseguido montar tal
coleção? O que Edgar nunca podia imaginar é que o protagonista da mais
inusitada e horripilante história contada pelo tio era ninguém menos que o
próprio - Montague.
“Você não iria gostar deste lugar quando escurece…”
Gente! Vocês não fazem IDEIA de quanto esperei para vir aqui
escrever sobre este livro! Eu já possuía o outro (“Contos de terror do Navio
Negro”, confira a resenha clicando aqui) e sempre quis comprar este, porém,
NUNCA o encontrava disponível para compra. Até que, finalmente, este ano (CINCO
anos depois de ter comprado o Navio Negro!) consegui comprá-lo porque ele
voltou ao estoque.
Em “Contos de Terror do Tio Montague”, escrito pelo
britânico Chris Priestley, conhecemos Edgar, um garoto que possuía pais que não
se sentiam muito à vontade perto de crianças. Sua relação com os pais não era
das mais convencionais, por isso, Edgar adorava visitar seu Tio Montague, que
lhe contava as mais sinistras histórias de terror, todas com certo quê de
fantasia, mas, com um forte viés de veracidade.
Uma das coisas que acho mais incrível na escrita do Chris
Priestley é que ele não se reprime, não se apega aos personagens e não tem medo
de criar histórias cruéis, sombrias, cujos finais não se enquadram naqueles
convencionais (e clichês) “felizes para sempre”, pelo contrário! O autor nos
leva, em todos os contos, numa jornada inesperada, entremeada por caminhos
estranhos, onde os personagens sofrem, física e psicologicamente, e nós,
leitores, somos levados a uma viagem sensacional cujo desfecho é, sem sombra de
dúvidas, estarrecedor.
A trama “principal” do livro se dá na visita de Edgar ao Tio
Montague, que partilham contos de terror sentados perto da lareira numa sala
que possui objetos peculiares, cada um desses objetos figura um dos contos e é
peça fundamental e norteadora para as histórias de Tio Montague.
A escrita de Priestley nos envolve de tal maneira que os contos
de Tio Montague, mesmo sendo pequenos, são absurdamente fascinantes. Você se
prende de imediato e quando ele retoma aos diálogos de Edgar e seu tio você
percebe a magistralidade do autor por nos conduzir a tantos caminhos diferentes
por meio dos contos e mesmo assim mantendo um “plano de fundo” muito bem
estruturado e tão fascinante quanto às pequenas (e sombrias!) histórias que nos
são apresentadas.
A cada conto a escrita vai se tornando mais envolvente, de
tal maneira que você se pega absorto ali, sem querer largar o livro e descobrir
logo qual será o final de cada história, inclusive a de Edgar e Tio Montague. Queria
discorrer sobre cada conto em particular, mas, tenho receio de entregar spoilers e acabar destruindo a experiência
de leitura de quem se dispor a conhecer a obra (por favor, se você ama uma boa
narrativa, envolvente, capaz de prender do início ao fim, compre este livro! Não
se deixe enganar achando que ele é um livro “água com açúcar” por fazer parte
do catálogo de um selo infanto-juvenil da Rocco).
Devo dizer que meus contos favoritos são “A des-porta” e “A
moldura dourada”. Neles você vê a riqueza da escrita de Priestley e se vê
embasbacado ao final da leitura. Se “A moldura dourada” virasse um filme,
aposto, seria daqueles sucessos de crítica e bilheteria. Simplesmente fantástico!
Esses contos se desenvolvem mais numa linha de terror psicológico, não tanto
aquele terror explícito, o que me atrai ainda mais, pois, mexe com a cabeça da
gente e não se torna apelativo.
O final do livro é tão incrível (e surpreendente!) quanto os
finais de cada um dos contos que compõem a obra. “Contos de Teror do Tio
Montague” é quase um inception, rs. Histórias
dentro da história e, como já vemos na sinopse, tio Montague é o protagonista
por trás de todo aquele suspense e obscuridade.
“Estas coisas à nossa
volta são... como posso dizer?... possuídas por uma energia curiosa. Elas
ressoam com a dor e o terror a que estão atreladas. Meu estúdio virou um
repositório desses objetos. Eu coleciono o que ninguém quer, Edgar, as coisas
assombradas, amaldiçoadas... as coisas malditas.”
As ilustrações que acompanham os contos, feitar por David
Roberts, são tão incríveis quanto o texto, possuem um ar sombrio e são repletas
de detalhes, personagens desenhados com olhos profundos e muitos detalhes nas
sombras; parecem fazer parte de uma das obras de Tim Burton.
À você que aprecia uma boa história de terror, amante de
textos bens escritos e que procura algo para se envolver eu mais que recomendo!
Sugiro que o compre (está bem baratinho na Amazon), pois, você não irá se
arrepender.
CONTOS DE TERROR DO TIO MONTAGUE
Ilustrador: David Roberts
Número de Páginas: 256 páginas
Editora: Pavio [selo da Editora Rocco]
Compre na Amazon clicando aqui
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