Diferentes Infâncias

Em dois mil e treze, durante o curso de Pedagogia, uma professora (maravilhosa por sinal, professora Rita, que sempre me instigou e motivou a buscar mais e mais e não me contentar apenas com o que está na superfície do conhecimento) lançou uma proposta muito interessante para minha turma: realizarmos uma exposição de fotografias cujo tema seria: "Diferentes Infâncias". 

A proposta era que retratássemos crianças em suas mais variadas formas de interação e socialização, com adultos, com outras crianças, com o ambiente escolar, durante brincadeiras, etc..

Durante a execução do “projeto”, muitas dúvidas pairavam sobre minha mente porque minha intenção era realizar algo coeso e que tivesse uma “sequência” dinâmica para quem fosse observar/apreciar.

Após muito pensar sobre como proceder de maneira que os objetivos fossem atendidos e o resultado final ficasse aprazível optei por, ao invés de representar várias crianças em situações diferentes, representar apenas uma (meu maravilhoso Juan, tão lindo e tão perfeito; meu xodó durante o Estágio Supervisionado I e que os pais, gentilmente, me autorizaram a fotografar e utilizar as fotografias para exposição), mostrando as diferentes infâncias de uma mesma criança e suas diversas “nuances”.

Creio que o resultado final ficou muito agradável. Durante a exposição (numa das noites mais divertidas que tivemos durante todo o curso de Pedagogia, a sala estava bem dinâmica com várias coisas expostas, de uma casinha de madeira a um mini supermercado) várias das pessoas que foram apreciar os trabalhos paravam diante das fotos do Juan e admiravam como a proposta do trabalho foi apresentada ali.

De maneira singela e poética, as diferentes infâncias de uma mesma criança:

A Infância
 Ao olhar para as crianças não consigo deixar de me perguntar: em que momento perdemos essa “capacidade” de enxergar o mundo ao nosso redor de forma tão lúdica e sensível?
É um deleite o convívio com as crianças; elas nos tornam sujeitos melhores, expandem nossa visão acerca de tudo aquilo que pensamos conhecer.
O olhar de uma criança é algo inexplicável, algo que vai além da capacidade de qualquer pensador tentar definir.
A criança nos faz perceber que é possível viver harmonicamente com o mundo e com nossos pares; cabe a nós mesmos tomarmos a iniciativa de reinventar nossas concepções, quebrar nossos paradigmas e preconceitos.
A infância não pode ser pensada apenas como uma fase. Ela é fase determinante na vida dos sujeitos.
Quão bom seria se mantivéssemos nossos sentimentos de infância até hoje...
Talvez a “solução” para enfrentarmos as dificuldades e adversidades do mundo seja apenas mudar nossa visão, enxergá-lo de maneira ampla, lúdica e dinâmica.
As crianças nos ensinam a não apenas olhar, mas enxergar as coisas pelo que elas realmente são e por tudo aquilo que podem ser.

De pernas para o ar eu fico para com novos olhos o mundo enxergar.

No BRINCAR eu me encontro enquanto sujeito ativo.
Minha personalidade é única e singular, cabe ao mundo respeitá-la.
Nas relações e interações que estabeleço com o meio vou (re)descobrindo-me e desenvolvendo-me.
Se for estabelecido um vínculo afetivo entre nós, me sentirei bem em qualquer local que você estiver comigo.
É de minha própria natureza sentir-me em casa em meio à natureza.

Faz de conta que o mundo é um enorme playground que está a minha disposição para explorá-lo completamente!

No mundo da imaginação sou pirata, sou guerreiro, sou príncipe, sou rei... Acima de tudo, sou EU.

A natureza é minha grande parceira no processo de desenvolvimento do meu eu interior.

Às vezes preciso de um momento para refletir sobre tudo o que acontece comigo e à minha volta.

Nas brincadeiras sinto-me livre para ser quem realmente sou.

Através da imitação eu consigo expressar ao mundo o meu ponto de vista sobre ele.

Você está convidado a adentrar em meu universo. Brinque comigo, é só o que te peço.

2 comentários:

  1. Helder, que surpresa mais gratificante (re)ver este trabalho!!! Ao (re)vê-lo, lembrei-me das palavras de de Larrosa sobre a experiência: "A experiência é o que nos passa, o que nos acontece, o que nos toca. Não o que se passa, não o que acontece, ou o que toca." Se a experiência é o que nos passa, nos toca, nos acontece, ao nos passar nos forma e nos transforma. Ter vivido a experiência de ser sua professora foi algo que me transformou!!! Obrigada!!!
    PS: se não leu o texto de Larrosa, leia. Sei que vai gostar!
    LARROSA BONDIA, Jorge. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. Revista Brasileira de Educação ANPed, Rio de Janeiro, n. 19, p. 19-28, jan./fev./mar./abr. 2002.

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  2. Que coisa mais maravilhosa!!! A infância com essa turma, especificamente com Luan, se torna muito mais linda... Muito mais empolgante!!!

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