Resenha: Os Molambolengos ♥


Sinopse: Selma é uma garotinha esperta, mas muito mimada. Um dia Selma encontra, por acaso, uma colorida banda de marionetes, Os Molambolengos, que vão ensiná-la que nem sempre as coisas acontecem do jeito que ela quer. Evangeline Lilly é mais conhecida por seu trabalho como atriz, mas sua paixão mais antiga é a escrita. Os Molambolengos é seu primeiro livro. Ilustrado por Johnny Fraser-Allen, essa excêntrica e visualmente encantadora fábula vai agradar tanto crianças quanto adultos.

     

     Vamos iniciar com a opinião do mestre?   


“De tempos em tempos, com sorte, você se depara com uma história cheia de magia que parece ter sempre estado ali, recostada em alguma margem da imaginação, só esperando para ser descoberta. Os Molambolengos é uma história maravilhosa. Crianças de todas as idades vão se encantar com suas travessuras deliciosamente sombrias.”
[Peter Jackson]

     
     Pronto, agora podemos seguir em frente.     


     Escrito pela rainha Evangeline Lilly [que causou meu sofrimento ano passado quando veio à CCXP (alguma alma caridosa me leva na deste ano, please?)], conhecida por seu papel na melhor série de todos os tempos [Lost♥], Os Molambolengos é um daqueles livros cuja magia impressionará a todos.


“A menina olhou ao redor para ver quem era
Que falava em tom tão obscuro.
Mas não viu alma viva,
Exceto um rato sem saída.
Ela parecia estar em apuros.”


     Todo escrito em rimas, que permeiam o obscuro e o estranho, Os Molambolengos nos conta a história de Selma, uma pequena e mimada herdeira que acha que tudo está ao seu alcance. Porém, quando ela entra no incrível Molambolengoshow, sua vida muda por completo! As certezas que tinha vão pelos ares e ela, pobre menina rica, acaba se deparando com sombrios lugares…


“E então a garota aprendeu, naquela noite aflita,
A não fazer julgamentos sem se precipitar
Há dentro dela um monstro mimado
Que ela prefere deixar guardado
… Mas, e se alguém cutucar?”


     O livro é maravilhoso! As ilustrações enchem os olhos [o livro foi ilustrado por Johnny Fraser Allen que trabalha na sensacional WETA Workshop] e o material é de excelente qualidade [a Editora Aleph fez um trabalho primoroso. O livro é em capa dura, com folhas grossas e de material excelente. É uma daquelas edições que ficam deslumbrantes na prateleira]


     Ao virar de cada página ficamos instigados e curiosos, a saber, e conhecer mais e mais sobre Os Molambolengos. Aguardo ansiosamente as próximas publicações.


     Quando o livro termina você fica com desejo de se perder no circo e se tornar também uma criatura daquele universo.


"Sou atriz por acidente, minha paixão é escrever."
[Evangeline na CCXP 2015]




Os Molambolengos

Autora: Evangeline Lilly 
Capa dura
Número de páginas: 48 páginas
Editora: Aleph
Compre na Amazon clicando aqui



Resenha: Contos de Terror do Navio Negro ♥

     

Sinopse: Autor de Contos de terror do tio Montague, o britânico Chris Priestley volta a assustar a garotada com histórias de arrepiar em Contos de terror do navio negro. Com sua prosa refinada e ilustrações ao mesmo tempo encantadoras e misteriosas, o autor reúne as histórias de um velho marinheiro que bate à porta de Ethan e Cathy em busca de abrigo, numa noite de tempestade. Piratas malignos e até um barco fantasma fazem parte do repertório de sustos que pegam os irmãos, e os leitores, de surpresa nesta coletânea deliciosamente aterrorizante.

    

     Devo iniciar dizendo que Contos de Terror do Navio Negro é um de meus livros favoritos de todo meu acervo. Pronto. Agora que já deixei isso claro posso prosseguir…


     Sabe quando você vê uma coisa e se sente imediatamente atraído por ela? Foi o que ocorreu comigo quando vi a capa de Contos de Terror do Navio Negro. Apaixonei-me instantaneamente. Achei-a maravilhosa [e continuo achando!]. Portanto, no momento em que vi este livro, enquanto rolava pelas listas de livros da Amazon me encantei e decidi compra-lo imediatamente.


     E, qual foi minha surpresa: o conteúdo do livro é tão bom quanto a capa! Na verdade, superior!


     O livro nos conta a história de Ethan e de sua irmã mais nova, Cathy. Os dois ficam sozinhos e doentes na hospedaria da família [que fica no alto de um desfiladeiro] enquanto seu pai saiu à procura de remédios e medicamentos, tudo isso em meio à uma tempestade turbulenta e furiosa!


     Enquanto estão sozinhos, sem os pais, as Ethan e Cathy se deparam com algo incomum e pouco usual para sua realidade: um marinheiro surge na soleira de sua porta clamando por abrigo, algo que lhe esquentasse o peito e alguém com disposição para ouvir seus contos.


     As crianças, sem saberem como negar abrigo àquele estranho, acabam permitindo que ele passe o tempo ali, enquanto a furiosa tempestade não cessa. E é aí que a coisa começa a ficar boa!


     Thackeray é o nome do sujeito. Ele inicia a sucessão de contos grotescos e histórias que envolvem o tenebroso Navio Negro. Todos os contos se situam no mar, ou estão relacionados à vida no mar e a população a bordo do navio.


     São muitos os momentos em que Ethan e Cathy desconfiam de Thackeray e de suas intenções para com eles, mas, devido ao fascínio causado pelos contos, eles se permitem mergulhar naquelas águas turvas e misteriosas do imaginário do estranho sujeito, porém, sem baixarem a guarda completamente.


     Entre um conto e outro vamos observando a interação entre os três personagens. E, confesso, é difícil não se sentir um pouco “desconfortável”. Você NUNCA consegue supor o que irá acontecer, quais as intenções de Thackeray, o que acontecerá com os dois irmãos, será que o pai vai aparecer… Enfim, são muitas as suposições e poucas as certezas.


     Os contos vão se tornando mais assustadoras a cada virar de página. E isso os torna mais interessantes e mais envolventes a cada parágrafo lido. Uma leitura fácil e extremamente prazerosa, que vai te prender do parágrafo inicial até a surpresa final. Contos de Terror do Navio Negro é daqueles indicados para todas as idades, capaz de encantar [e assustar!] os leitores mais jovens e fascinar os mais experientes!


     As ilustrações são um detalhe à parte. Simplesmente maravilhosas. Dão o tom certo da obra, casando perfeitamente com o texto. De uma riqueza ímpar, as ilustrações te transportarão imediatamente para aquele ambiente levemente mórbido e, quando perceber, você estará olhando por sobre o ombro, conferindo se alguém está à sua espreita ou se algum caramujo está se aproximando furtivamente…




Resumindo em duas palavras: assombrosamente fascinante!


Contos de Terror do Navio Negro

Autor: Chris Priestley
Número de páginas: 264 páginas
Editora: Pavio [selo da Editora Rocco]
Compre na Amazon clicando aqui

Resenha: Coleção Itaú Criança ♥


O envelope é uma coisinha maravilhosa ♥

     Quem me conhece sabe que sou apaixonado por livros. De todos os tipos. De todos os formatos. De todos os tamanhos. De todos os gêneros. Mas, na imensidão da diversidade de livros que existem no universo os meus favoritos são, sem dúvidas, os livros infantis!

     
     As diversas possibilidades que os livros infantis proporcionam me fascinam. Completamente. Eu sinto um prazer inenarrável quando leio um livro infantil. Seja sozinho ou lendo em voz alta para as crianças, a literatura infantil é algo que me dá um 'gás' a mais. Faz de mim uma pessoa melhor.


     E, falarei a verdade: existe prazer maior neste mundo do que receber livros em sua casa? ABSOLUTAMENTE NÃO! Minha Coleção Itaú Criança chegou hoje e, não resisti, precisei vir aqui falar sobre ela.


     Os dois livros que compõem o ciclo deste ano são Selou e Maya e Poeminhas da Terra.

Selou e Maya

Sinopse: Duas crianças vizinhas, duas formas de fantasiar a realidade, de dar novas cores e formas ao cotidiano por meio de brincadeiras.  Partindo das mesmas atividades diárias – acordar, comer, brincar, tomar banho e escutar histórias –, as duas meninas inventam universos bem distintos, demonstrando que a imaginação, além de pessoal, não tem limites para se desenvolver.
    
     Devo confessar que este me 'pegou'! Desde o primeiro toque na capa [que é "dupla"] até o término da leitura: é de uma fofura sem fim! 


     Nele acompanhamos um dia na vida de duas crianças distintas. Tão diferentes, mas, ao mesmo tempo tão parecidas. Carregadas de imaginação e criatividade, as duas exploram mundos e universos fantásticos, criando realidades paralelas e futuras mas, ao mesmo tempo, mantendo-se fiéis às suas origens. Lindo!


     As ilustrações são uma magia à parte. Encantadoras espetaculares, elas te deixarão admirando por minutos a fio...
Alguém se enfiou em meus pés durante a leitura...


Poeminhas da Terra
Sinopse: Hora de comer, hora de brincar, hora de colher, hora de pescar, hora de festejar, hora de contemplar, hora de compartilhar são alguns dos temas explorados nestes singelos poemas sobre o cotidiano da vida na aldeia daqueles que são os primeiros habitantes do Brasil. O pulo do gato: os versos curtos, a repetição de sons, o ritmo cadenciado pela repetição de vogais e uso de rimas simples convidam à exploração da linguagem durante a leitura oral. A predominância de palavras de origem tupi-guarani, associadas às poéticas ilustrações em nanquim e aquarela evocam uma profunda harmonia entre os seres e a natureza, fazendo com que Poeminhas da terra proporcione a aproximação do leitor com a cultura dos povos indígenas, tão bem representada pelo respeitoso olhar das autoras.
  
     Poeminhas das Terra é daqueles onde "menos é mais". 


     Seu formato não é disposto em paisagem [como de costume], mas em retrato. Portanto você o lê "de pé". Com ilustrações fortes e que remetem à cultura indígena e um texto carregado de palavras de origem tupi-guarani, este é um livro que brinca com os sons e ritmos.


      Um livro pequeno, porém, que consegue deixar a sua [forte] marca de encantamento.


     Este projeto do Itaú é sensacional. Poderia passar horas destacando a qualidade do material e tudo o mais... Mas, acredito que a melhor "prova" é pedir sua coleção e se deleitar durante a leitura [clique na imagem acima para pedir sua coleção].


     Chame as crianças, faça uma roda de leitura, deitem debaixo de uma árvore, fiquem descalços, sintam o vento no rosto... Leia para uma criança. Isso muda o mundo.





    




Lenda Urbana: A Viúva Machado

     
     No ano passado fui convidado por uma professora do quarto ano a contar uma lenda para seus alunos. No município em que resido as escolas trabalham com projetos trimestrais e, no último trimestre de dois mil e quinze, o quarto ano estava trabalhando o Projeto Lendas.


     Em todos esses anos que trabalho, sempre que vi o Projeto Lendas ser executado eu ficava um pouco…"fadigado", pois, todos os anos se trabalhava da mesma maneira. Portanto, aproveitei o convite da professora e pensei numa maneira de contar uma lenda interessante e que fugisse dos clichês que os alunos já estavam saturados [Iara, Mula-sem-cabeça, Saci e etc.].


     Optei por contar uma lenda urbana. Mas, eu não queria algo que eles já tivessem ouvido falar. Minha intenção era prender a atenção deles desde a primeira frase até o último segundo da lenda. Então, fiz algumas pesquisas sobre lendas urbanas e me deparei com uma lenda urbana do nordeste, chamada A Viúva Machado. Adorei a história de Amélia, mas, a meu ver, faltava algo realmente atrativo, que realmente chamasse a atenção da turma [a lenda que encontrei era bem pequena].


     Então, num rompante criativo e com uma ânsia tremenda de agradar as crianças, escrevi minha própria versão da lenda A Viúva Machado. Utilizando um tom ao mesmo tempo surreal e levemente macabro, posso dizer, modestamente, que consegui vidrar as crianças na história do início ao fim! [um detalhe é que, para completar o clima, o dia em que contei esta lenda foi numa sexta-feira 13, dia 13/11/15]


     Espero que você se divirta com minha lenda A Viúva Machado e, um alerta: muito cuidado com as palavras e julgamentos que faz sobre as outras pessoas, afinal, nunca sabemos do que o outro é capaz…


A viúva Machado

          Amélia Machado sempre foi considerada estranha. Nascida sob o nome de Amélia Pereira e dona de orelhas de tamanho descomunais, Amélia sempre foi atormentada por todos, recebendo apelidos depreciativos e maus tratos por todos aqueles que a cercavam. Desde que estava no ventre de sua mãe, Amélia já sofria.

          A mãe de Amélia foi abandonada por seu pai, assim que descobriu a gravidez. Durante os nove meses de gestação, a mãe de Amélia, dona Álvara Pereira, sofreu de enjoos constantes, dores vorazes e muita, mas muita tristeza por estar carregando aquele feto indesejado e, ainda por cima, tendo de arcar com todas as consequências de uma gravidez não planejada sozinha, sem apoio de marido algum.

          Amélia nasceu uma criança raquítica, fraca, mais magra que uma vareta e com orelhas enormes, tão grandes que, desde sempre, foi chamada de “elefantinho”.

          Sofreu muito nas mãos de sua mãe que a chamava de bastarda e tratava a garota como uma empregada, deixando todo o serviço doméstico para a menina dar conta.

          O sofrimento de Amélia diminuiu no dia em que sua mãe, dona Álvara, morreu atropelada por um caminhão ao atravessar a principal Rua de Natal. A garota, agora com dezoito anos de idade e já bem desgastada dos tormentos e sofrimentos que passou com sua mãe e também das ofensas que recebia sempre que saía na rua, por conta de suas enormes orelhas, acreditava que sua sina era morrer sozinha.

          Porém, no dia 13 de novembro de 1995, durante a Feira Municipal de Cultura de Natal, a pobre Amélia conheceu um empresário português, Seu Manoel Machado, dono de uma rede de padarias muito bem conceituada na cidade.

          Manoel Machado apaixonou-se por Amélia imediatamente.

          O povo não podia acreditar! A “elefantinho”, de alguma maneira, havia conseguido um pretendente! Ele era muito louco por se apaixonar por uma mulher tão grotesca ou sofria de sérios problemas de visão.

          Apesar de toda a controvérsia e falatório das pessoas maldosas, Seu Manoel Machado pediu Amélia em casamento.

          No dia do enlace, a igreja da paróquia estava lotada. Claro que as pessoas ali presentes não estavam a fim de torcer pela felicidade de Amélia, apenas tinham ido ver se aquilo realmente aconteceria ou se Manoel Machado iria abandonar a “elefantinho” no altar.

          Numa cerimônia simples, porém muito emocionante para Amélia, os dois se casaram e foram morar juntos na antiga casa da mãe de Amélia. Ela, apesar de ter comido o pão que o diabo amassou naquela casa, bateu o pé e não abriu mão de morar em outro lugar, ela disse para seu marido:

          — Foi aqui que nasci e fui criada. Apesar de não ter tido a melhor das infâncias, creio que juntos podemos mudar esse quadro. Sei que você me fará muito feliz aqui e encheremos essa casa de crianças!

          Manoel Machado, que aceitava tudo que sua amada esposa dizia, limitou-se a responder:

          — Eu faço tudo por você meu amor. Tudo!

           E assim foi feito. Manoel Machado trouxe todos os seus bens para a casa de Amélia e estabeleceram-se ali os pilares da relação.

Nos primeiros meses de casamento tudo corria as mil maravilhas. A população da cidade passou a respeitar mais Amélia agora que estava casada, mas continuavam a cochichar pelas suas costas.

Por ser um empresário de sucesso, Manoel Machado passava muito tempo fora de casa, deixando sua esposa sozinha.

Com o passar do tempo, as pessoas foram deixando de lado o respeito a pouco tempo adquirido para com Amélia Machado e retornaram a ofendê-la, agora de maneira mais agressiva.

Os mais velhos diziam para as crianças não se aproximarem daquela casa, muito menos chegarem perto da mulher elefante. Corria a lenda de que ela era amaldiçoada, afastou seu pai por ser tão medonha e só trouxe desgraças para a vida de sua mãe. Alguns diziam que ela havia matado a mãe num ritual de magia negra e, a grande maioria, afirmava que ela havia feito um pacto com o demônio para conseguir casar com o marido e, mais cedo ou mais tarde, o pobre coitado iria pagar o preço.

Numa noite tempestuosa, ao voltar para casa de uma de suas padarias, Seu Manoel Machado foi acometido por um grave acidente. Ao sair da padaria, atravessando a rua para chegar até seu carro, ele foi atropelado por um caminhão!

Pobre Amélia Machado! A cada dia que passava acreditava cada vez mais que realmente era amaldiçoada e que a felicidade nunca bateria a sua porta.

Tomada por uma depressão profunda e pelo luto da morte do marido, Amélia Machado decidiu trancafiar-se em casa e nunca mais colocar a cara na rua. Tudo o que ela não queria agora era ouvir ofensas e ter dedos apontados para si.

Porém, após a morte de Seu Manoel Machado, a população tornou-se mais agressiva com Amélia. Apesar de não sair mais de casa, o povo encontrava meios de atormentá-la. O muro de sua casa já estava todo pichado com palavras como: bruxa, amaldiçoada, assassina, maldita, dentre outras ofensas. As janelas eram constantemente apedrejadas por meninos arteiros e a fachada da casa diversas vezes foi impregnada de um cheiro asqueroso, proveniente dos ovos que eram jogados nela.

Ninguém sabia como Amélia Machado vivia naquela casa. O que ela comia, o que fazia, com quem conversava... Mas ninguém se interessava em saber. Agora, mais do que nunca, todos acreditavam que ela era uma bruxa assassina de parentes.

Na noite de sexta-feira, 13 de novembro de 2015, um grupo de meninos encapetados, liderados pelo mais endiabrado de todos, Bernardo, o diabo, resolveu pregar uma peça na bruxa de orelhas de elefante.

Bernardo reuniu seus colegas na garagem de casa e disse:

— Quero ver quem é homem o bastante para entrar na casa da mulher elefante! Tem que entrar e sair com um objeto da casa da bruxa para provar o seu feito.

Seus colegas entreolharam-se, mas ninguém se atreveu a aceitar o desafio.

— Bando de frouxos! Eu vou entrar na casa daquela maldita e quero ver o que ela vai fazer comigo. Seu bando de covardes! Olhem e aprendam.

Os moleques dirigiram-se à casa de Amélia Machado que, à noite, tinha um ar mais assombroso que nunca, todas as luzes estavam apagadas e parecia não haver ninguém morando ali dentro. Na verdade a casa parecia abandonada. Ninguém sabia ao certo se a orelhuda ainda vivia ali.

Bernardo, todo cheio de si, foi de mansinho adentrando na propriedade da pseudo bruxa. Pulou o muro e foi andando feito um gato, até arrombar uma janela e adentrar no recinto assombroso.

Apesar de toda a coragem que dizia ter, o menino não pôde deixar de sentir um frio na barriga e um arrepio na nuca assim que pisou dentro da casa. Mas, agora que estava ali dentro, não tinha como voltar atrás; afinal, ele tinha uma reputação a zelar.

Ele resolveu pegar um porta-retratos que estava sob uma mesinha empoeirada perto da parede da sala, mas a curiosidade falou mais alto e não resistiu à tentação de subir as escadas para ver se conseguia espiar a bruxa orelhuda. Andando calmamente, nas pontas do pé, Bernardo subiu feito um gato a escadaria, tremendo a cada degrau que percorria.

Quando chegou ao quarto principal, o menino empurrou a porta de devagar e, olhando para a cama, não viu nada.

— Bem, acho que aqui não tem orelhuda nenhuma. Isso tudo deve ser conversa para boi dormir, melhor eu ir embora e mostrar para aqueles frouxos que eu sou o homem de verdade do grupo. – pensou o garoto.

Porém, quando estava pronto para dar meia volta e sair por onde entrou, Bernardo sentiu uma mão esquelética em seu ombro direito. Unhas enormes cravando sua carne e, sem saber o que fazer, soltou um grito tão alto que pode ser ouvido da rua.

— Então você pensa que pode entrar aqui e profanar o meu lar, pequeno peste? – disse Amélia Machado que, superando todas as expectativas do garoto, possuía orelhas tão grandes que formavam um conjunto grotesco junto à face horrível da mulher que, com aquelas orelhas gigantes, parecia ter três cabeças.

O menino tremia da cabeça aos pés. Não pôde deixar de sentir suas pernas quentes, devido ao líquido que escorria dentro de sua calça.

Amélia Machado surtou. Todos aqueles anos de ofensas e maus tratos, juntos ao sofrimento causado por todas as mortes que vivenciou... Ela ficou descontrolada. Pegou o menino pelo pescoço e o arrastou escada abaixo, levando-o para a cozinha.

Chegando lá, Amélia Machado jogou Bernardo encima da mesa. Apesar de já ser bem velha e bastante magra, Amélia possuía uma força descomunal.

O menino só conseguia gritar e gritar a plenos pulmões. As lágrimas escorriam de seus olhos sem parar, banhando seu rosto e encharcando sua camiseta.

Amélia Machado, num surto psicótico, pegou um cutelo da gaveta do armário e partiu para cima do garoto. A mulher de orelhas de elefante aproximou-se de Bernardo, dando gargalhadas assombrosas que gelavam o sangue do menino.

Fazendo um corte preciso na barriga do moleque, Amélia Machado separou pele de carne e, escolhendo o fígado como prato principal, se deleitou naquele banquete macabro.

Os amigos de Bernardo esperaram por horas, sem terem coragem de entrar na casa da bruxa de orelhas de elefante. Foram para casa tremendo e assombrados pelo grito que ecoou em seus ouvidos e pela gargalhada assombrosa que ouviram, antes de um relâmpago iluminar o céu e as luzes de todos os postes da rua se apagarem.



Ninguém sabe ao certo o que aconteceu com Bernardo. Reza a lenda que a bruxa Amélia Machado devorou-o inteiro, comendo até os ossos. A casa onde ela vivia ainda se encontra na cidade de Natal e, até hoje, as pessoas temem passar em frente a ela e as crianças, como sempre malcriadas, insistem em entrar na propriedade da velha Amélia Machado. Quem naquela casa entra, nem sempre é visto de novo.





Resenha: Quem soltou o Pum?

     


Sinopse: A história é simples, mas a sacada é das boas: imagine um cachorrinho de estimação que se chama Pum! Daí dá para tirar diversos trocadilhos, criando frases e situações realmente hilárias. 

É um tal de não conseguir segurar o Pum, que é barulhento e atrapalha os adultos, que dizem que o Pum molhado, em dia de chuva, fica mais fedido ainda, o que faz o menino passar muita vergonha. Pobre Pum. E pobre dono do Pum! 
Mas não tem jeito, com o Pum é assim mesmo: simplesmente ninguém consegue evitar que ele escape e cause certos inconvenientes.



     Garantia de risadas, Quem soltou o Pum? é um livro que fará as crianças rolarem de rir.


     Com um título muuuito sugestivo o livro nos conta a história de Pum e seu dono. Sim. Pum é um cachorro! E, como todo bom cachorro, ele gosta de ficar livre, leve e solto e, muitas vezes, soltar o Pum causa muuuitos inconvenientes para o pobre menino que leva esporro do pai, da mãe, da síndica e de todo mundo porque não consegue segurar o Pum!


     Com uma das sacadas mais geniais que já vi, a autora trabalha com uns trocadilhos tão bons, mas tão bons que, quando você perceber, estará rindo alto.


     O Pum pode incomodar porque às vezes ele é muito barulhento ou porque fica fedido depois que se molha na chuva.


     Os adultos querem vê-lo preso, mas, como todos sabemos, às vezes é difícil segurar e prender o Pum.


     Este livro é garantia de sucesso! As situações descritas, agregadas aos trocadilhos, fazem as crianças rirem bastante. Confesso que é um daqueles que você conta em voz alta e, quando percebe, está rindo junto dos ouvintes.


     Com ilustrações simples, porém, que cumprem seu papel de maneira eficaz, Quem soltou o Pum? é um daqueles livros simplesmente NECESSÁRIOS em qualquer biblioteca infantil ou sala de leitura.




Quem soltou o Pum?

Autora: Blandina Franco
Número de páginas: 32 páginas
Editora: Companhia das Letrinhas
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Atividades ♥ O trabalho em grupo

     
     Hey, hi, olá, como vai?


     Compartilho hoje um arquivo contendo seis atividades que trabalharão interpretação de texto, revisarão a estrutura de poemas, bem como a escrita de palavras com M e N.


     Nessa pequena sequência de atividades o aluno será levado a interpretar um texto cuja temática é um trabalho em grupo realizado por uma turma de crianças. E, ao concluir as atividades, espera-se que os objetivos sejam alcançados, sendo eles:
  • Aperfeiçoar a interpretação de pequenos textos;
  • Revisar ortografia e escrita de palavras com M e N.

     As atividades podem ser agregadas ao seu planejamento diário, utilizando-as numa aula de Língua Portuguesa comum ou como atividade de casa. Mesmo sendo simples, as atividades trabalham conteúdos recorrentes e necessários que, constantemente, demandam fixação e extenso trabalho por parte dos alunos. Portanto, elas são excelentes para revisar e fixar aquilo que, muitas vezes, não foi muito bem assimilado pelos pequenos [como o uso do M e N].


     Sinta-se à vontade para realizar as adaptações/adequações que considerar necessárias para utilizá-las no trabalho com seus alunos.


*Para salvar clique com o botão direito do mouse sobre a imagem desejada e aperte em "Salvar link como..."



LINK PARA DOWNLOAD DO MATERIAL COMPLETO:


Clique no link ao lado, faça login na conta de sua preferência [Microsoft ou Facebook] e, em seguida, aperte em BAIXAR [na janela que se abrirá]>>> O trabalho em grupo


*Peço que, se tiver interesse em utilizá-las e/ou compartilhá-las, utilize o link de compartilhamento do blog para as redes sociais e, por favor, lembre-se de dar os devidos créditos (:

**Atividades adaptadas de Acessaber e Escrita, Leitura e Oralidade
     

Resenha: A Noiva Fantasma

      


Sinopse: “Certa noite, meu pai me perguntou se eu gostaria de me tornar uma noiva fantasma...”
1893. Li Lan é uma jovem que recebeu educação e cultura, mas que vive sem grandes perspectivas depois da falência de seus pais. Até surgir uma proposta capaz de mudar sua vida para sempre: casar-se com o herdeiro de uma família rica e poderosa. Há apenas um detalhe: seu noivo está morto.
A Noiva Fantasma, que a DarkSide® Books publica no Brasil em 2015, é o surpreendente romance de estreia de Yangsze Choo, a escritora de ascendência oriental que está encantando fãs por todo o mundo.
Por mais fantásticas que pareçam, as noivas fantasmas ainda resistem até hoje em parte da cultura asiática. A prática, que chegou a ser banida por Mao Tsé-Tung durante a Revolução Cultural, foi muito frequente na China e na Malaia (hoje Malásia) no final do século XIX. O casamento era usado para tranquilizar um espírito inquieto, e garantir um lar e estabilidade para as mulheres que diziam "sim" a maridos já falecidos. É claro que elas tinham um preço alto a pagar, e com Li Lan não seria diferente.

      Em A Noiva Fantasma acompanhamos a história de Li Lan, uma garota que vive em meio a um universo carregado de tradições ancestrais e faz o possível para cumpri-las e segui-las a risca, bem como respeitar sua família e fazer tudo o que considera certo. Porém, apesar de ser uma “garota exemplar”, Li Lan possui um desejo em seu íntimo. Ela não sabe exatamente o que deseja, mas, sente uma inquietude, como se algo faltasse para sentir-se completa.


     Dona de uma personalidade forte e com um certo..... “temperamento”, Li Lan é uma personagem que, apesar de causar certos desconfortos em alguns momentos, nos encanta e nos faz sentir um profundo interesse em acompanhar os desdobramentos de sua história.


     A autora Yangsze Choo foi muito feliz na construção da personagem. Entregou-nos uma personagem forte, “temperamental” e com muita personalidade o que, sem sombra de dúvidas, é uma das principais causas do sucesso que o livro tem alcançado.


“A odisseia de Li Lan a mantém à beira da morte terrena e prende o leitor às páginas.”

[New York Journal of Books]



     Devo confessar que, em meu primeiro contato com o livro, eu simplesmente não sabia o que esperar. o que mais me chamou a atenção quando comprei foi o título. Fiquei intrigado com o título e com a capa, pois, a meu ver, ela dá margem à muitas interpretações e suposições e eu, quando o comprei, não conhecia nada sobre a obra. Adquiri apenas confiando no excelente catálogo da DarkSide e no interesse surgido pelo título do livro.


     Yangsze Choo conseguiu escrever uma obra peculiar. A maneira com que escreve e descreve os acontecimentos, tão natural, faz-nos sentir confortáveis naquele ambiente. E isso é mágico. Você não passa a leitura se desdobrando tentando entender e  dar sentido ao que é lido, as palavras vão se adentrando em seu subconsciente e, sem perceber, você se vê imerso naquele universo maravilhoso. Tudo muito bem retratado e explicitado, tanto que você pode até se perguntar se essa não é uma história real.


     Li Lan, nossa protagonista, levava uma vida modesta até que sua vida inteira passa por uma transformação. Ela recebe uma proposta de casamento de uma família muito rica e influente. Porém, o detalhe maior de toda a situação: seu noivo está morto! E é a partir daí que a história de A Noiva Fantasma se desenrola.


     A Noiva Fantasma é uma leitura excepcional. Um romance dark muito peculiar, com nuances e tons que encantarão até o mais cético dos leitores. Inquietante, porém, fascinante, A Noiva Fantasma nos apresenta uma sociedade patriarcal expondo, por meio das vivências de Li Lan, como as mulheres eram [e ainda são] retratadas em algumas sociedades orientais.


     Estruturado por uma escrita hipnotizante A Noiva Fantasma é daquelas leituras que fazem o tempo acelerar e a mente devanear.


“A Noiva Fantasma, um impressionante romance de estreia, conduz os leitores através de um dos passeios mais selvagens desde que Alice caiu na toca do coelho”
[San Jose Mercury News]





A Noiva Fantasma
Autora: Yangsze Choo
Capa dura
Número de páginas: 360 páginas
Editora: DarkSide 
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Um ano de mudanças ♥

Um dos primeiros dias do Clube da Leitura

      Estou feliz. Sei que não costumo dizer esta frase com muita frequência, mas hoje posso afirmar sem pensar duas vezes: estou feliz!


      Há um ano tomei uma decisão que para muitos poderia ser considerada como loucura.


     Ano passado eu trabalhava quarenta horas semanais num emprego vinculado a prefeitura e nos finais de semana dava aulas particulares para dez crianças.


      Sempre gostei muito de minhas funções e me sentia muito realizado, porém, dentro de mim havia um desejo de realizar algo mais. De perseguir meus sonhos e concretizar meus desejos. Portanto, em outubro de dois mil e quinze, decidi dar uma pausa em minhas aulas particulares e trabalhar (bastante) para conseguir publicar meu livro.                                                                

     Segui com meu emprego semanal e nos horários vagos e aos finais de semana me dedicava à escrita, revisão, ilustração e pesquisas referentes à publicação do livro.


     Em dezembro de dois mil e quinze, com o fim do contrato se aproximando, tomei outra decisão: desvincular-me completamente e mergulhar de cabeça no oceano de desejos literários que almejava. Passei os meses de dezembro e janeiro imerso num mar de palavras e, confesso, nunca me senti tão bem.


     Em dois mil e dezesseis me sinto mais realizado que nunca.


     Publiquei meus dois livros infantis. Reflexos de meu trabalho; que carregam dentro de cada página muito do amor que sinto enquanto educador.


     Tive um conto selecionado para publicação numa antologia.


     Retomei minhas aulas particulares e me encanto com os desdobramentos e descobertas que realizo com meus alunos em minha sala de aula aqui em casa (sim, montei uma sala de aula em casa para melhor atender meus pequenos).


     Realizo o lançamento itinerante do Confabulando e consegui alcançar um número exponencial de crianças. Expandi e alavanquei o alcance de meu trabalho para um público muito maior do que já consegui alcançar nesses oito anos de carreira educacional. Regozijo-me e me redescubro a cada visita que faço. A cada contação de histórias realizada meu espírito transcende e minha alma transborda amor.


     Sigo com meu Clube da Leitura, montado há um ano. Agora sem vínculos contratuais, atuo como voluntário e sinto um prazer indescritível. Inexplicável.


     A cada revistinha lida, a cada risada e a cada mistério resolvido, sou levado a crer que, definitivamente, estou no caminho certo e amo o que faço.



     Sei que não costumo dizer com frequência, mas, me farei repetir: estou feliz!

Fantasiados na Semana da Criança

Início das atividades do Clube da Leitura em 2016

Às vezes o Tio Helder fica submerso num mar de pequenas e encantadoras criaturas 

Quando a Turma faz a selfie dela nós temos de fazer a nossa também, é claro!
















Lendo Chapeuzinho Adormecida no País das Maravilhas