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Resenha: Doutora Era uma vez

 


“Eu acho que essa guarda tá mostrando o que ela desenhou e o que ela vai viver imaginando durante o livro!”


Foi assim que um aluno muito querido disso logo que iniciei a mediação de “Doutora Era uma vez”, mais um livro gracioso (e liiindo visualmente!) da Brinque-Book.


Eu amo acompanhar o desenvolvimento das crianças enquanto leitoras e poder visualizar o quanto de seus repertórios vai se ampliando ao longo do ano letivo, de maneira que suas inferências tornam-se cada vez mais pontuais e cheias de segurança, completamente coerentes com suas trajetórias e com as narrativas que leram/ouviram.


A Doutora Era Uma Vez atua no mundo encantado dos contos de fadas. Dentre seus pacientes estão Cinderela ― que machucou o pé quando perdeu o sapatinho ―, Rapunzel ― que está com dor de cabeça de tanto carregar a mãe e o príncipe pelas tranças ― e o Lobo Mau ― que chamuscou o pelo na lareira dos três porquinhos. A rotina da doutora é muito agitada e o número de pacientes só aumenta. Mas, quando a garota fica doente, quem será que cuida dela?


O livro possui muuuitas referências aos textos clássicos e suas ilustrações são um atrativo à parte! As páginas duplas que se abrem “na vertical” são, de longe, as minhas favoritas, divinas!


“Doutora Era uma vez” é uma obra que convida à fabulação, apresentando uma intertextualidade carregada de poesia visual, que nos faz recorrer a nosso próprio repertório a todo momento, cada vez que nos deparamos com uma ou duas figuras que conhecemos. Uma verdadeira ode à imaginação infantil!


As autoras Catherine Jacob e Hoang Giang tornam realidade um dos faz de conta favoritos de muitas crianças: brincar de ser médico. Além disso, conseguem deixar a brincadeira ainda mais divertida ao transformar personagens clássicos da literatura infantil em pacientes, nos convidando a revisitar as suas histórias.


- Livro: Doutora Era uma vez..

- Escritora: Catherine Jacob.

- Ilustradora: Hoang Giang

- Tradutora: Julia Bussius.

- Editora: Brinque-Book.


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Resenha: Quatro ladrões

 

O que acontece quando quatro ladrões profissionais dependem de seu sobrinho distraído para executar um plano mirabolante?


A resposta para a questão acima é: um livro divertidíssimo (mais um!) do incrível Guilherme Karsten (eu AMO “A Caçada” e “Carona”).


Havia cinco ladrões. Eles eram os piores ladrões da cidade. Na verdade, havia quatro… e o sobrinho deles, o Osvaldo, um garotinho muito distraído e que passava o dia todo desenhando. 


Na narrativa conhecemos os piores ladrões da cidade. Ladrões profissionais! Daqueles que constam na lista de procurados e tudo o mais. Eles, prestes a executar mais um de seus grandiosos assaltos, contam com o apoio artístico de Osvaldo, o sobrinho.


“Quatro ladrões” é um daqueles livros que diverte e envolve, que capta os leitores desde o momento inicial, pois, assim como os ladrões, que possuem cada um sua responsabilidade (um tem todas as ferramentas, o outro é o mestre dos disfarces, um cuida da segurança e o outro vigia), nós, leitores, ficamos com a melhor das incumbências: acompanhar as estripulias desta trupe!


Li este livro em Praça pública, no distrito de Guaraná, em uma das ações de nosso Espaço de Leitura... como foi delicioso para mim, enquanto mediador, acompanhar as inferências mirabolantes do público tentando prever e imaginar o destino dos quatro ladrões e meio!


Será que esse grupo improvável irá conseguir planejar um grande assalto ao banco? Só esperamos que o Osvaldo não se distraia dessa vez...


Em uma narrativa original e engraçada, Guilherme Karsten nos mostra que, às vezes, as nossas fraquezas podem se mostrar verdadeiros talentos.


- Livro: Quatro ladrões.

- Autor: Guilherme Karsten.

- Editora: HarperKids.


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Resenha: A matemática do urso

 


Há livros e LIVROS!
Eu, particularmente, sou APAIXONADO por aqueles que nos CLAMAM para serem lidos em voz alta, com participação ativa e muitas gargalhadas.

Este é o caso de “A matemática do urso”, de Blandina Franco e José Carlos Lollo, autores que possuem uma vasta obra cheia de acertos e livros queridos pelos leitores de todas as idades.

Eu Já havia lido com as crianças na escola e no último sábado fiz a leitura dele aqui no Espaço de Leitura... sucesso absoluto! O livr é delicioso e convida à interação. Cheio de rimas, super divertido, vemos passar pela narrativa os números de um a dez, soma, adição, subtração, proporção... só a lógica é que vai passar longe, bem longe.

Uma das coisas mais gostosas de acompanhar é o público fazendo mil inferências, pensando quais animais aparecerão, quais frutas e alimentos serão trocados... e as expressões com o desfecho!

Esta é a história de um urso que vem tranquilo pela floresta segurando uma grande e suculenta melancia para o jantar. Em seu caminho, porém, aparece uma forte e pesada anta e lhe faz uma proposta tentadora: "Quer trocar uma melancia por dois melões?". O urso logo vê que dois é mais do que um, então troca sem medo algum. 

Em seguida, vem um macaco que lhe oferece três cocos no lugar de dois melões. Mais uma vez, o urso troca sem nem pensar nos porquês. E assim, um após o outro, diferentes animais cruzam o caminho do urso propondo transações cada vez mais disparatadas. 

Será que as contas do nosso amigo peludo darão certo? Fará ele um bom negócio?

- Livro: A matemática do urso.
- Escritora: Blandina Franco.
- Ilustrador: José Carlos Lollo.
- Editora: Brinque-Book.

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Resenha: Azul Haiti

 

“Nosso sustento é ambulante, sem descanso.”

Em “Azul Haiti” Paty Wolff nos convida a mergulhar num livro-ventania, onda atrás de onda, onde somos atravessados poeticamente por um maremoto poético que nos faz refletir e, ao mesmo tempo em que nos aperta o peito ao fazer-nos visualizar uma realidade vivida por inúmeras pessoas em nosso país, nos aquece o coração com sua poesia tão bela e tocante, feito um abraço demorado.

“A história da imigração tem cor. Os sonhos, a coragem e o trabalho também. É a cor das águas que limitam as fronteiras, a da bandeira do país de origem e a do carrinho de mão que traz o sustento. É o azul do Haiti que conta as memórias de uma mãe pelos olhos de uma criança.

Por meio de uma escrita poética que recupera com delicadeza as lembranças de uma crise, é contada uma narrativa da imigração haitiana. As ilustrações e os recortes feitos sobre papelão acrescentam profundidade ao retrato da fuga, complementando o texto e proporcionando novas possibilidades de leitura. Uma obra essencial para entender a importância da resistência e da preservação da memória.

Uma história sobre a imigração haitiana contada a partir das memórias de uma mãe sob o olhar esperançoso de uma criança.”.

Tive o privilégio de ouvir a Paty falando na Casa A Taba durante a FLIP e não pude deixar de me encantar e transbordar ternura ao sentir em suas palavras e no brilho de seu olhar, o afeto que a inunda ao falar das multiplicidades de vozes e poesias das infâncias!

Mergulhar em sua obra, para mim, foi permitir-me inundar neste azul poético que afaga e transborda beleza, ancestralidade, história, respeito e amor, MUITO AMOR!

💙

*Livro recebido em parceria com a Companhia na Educação.

- Livro: Azul Haiti.
- Autora: Paty Wolff.
- Editora: Companhia das Letrinhas.

Resenha: O jardim da minha Baba

 


Uma celebração terna e comovente do amor entre gerações, com destaque para a relação entre um neto e sua amada avó.


A relação com os avós retratada nos livros ilustrados é sempre algo que me comove bastante... por aqui, só tive contato e vivência real com minha avó materna [meu avô faleceu quando eu era pequeno e tenho apenas fragmentos do tempo costurados na memória].


Minha avó Isaura e eu passamos por inúmeros momentos em nossa relação. Muitas risadas, muitos cafés compartilhados e uma certa ironia/deboche que, devo confessar, devo ter herdado dela.


Há algum tempo ela fez a travessia do espaço terreno, porém, cada vez mais segue presente e viva em nossos corações numa espécie de nostalgia-ultra-afetiva.


Inspirado nas memórias da infância do poeta Jordan Scott e ilustrado pelo premiado artista Sydney Smith, ”O jardim da minha Baba” é uma história profundamente pessoal que evoca sentimentos universais.


Conheci o BELÍSSIMO trabalho da dupla pelo lindo livro “Eu falo como um rio”, que sempre arranca suspiros. E um outro livro que fez parte de um momento significativo de minha vida foi o “Você se lembra?”, de autoria apenas de Sydney Smith.


“O jardim da minha Baba” explora as imagens, os sons e os cheiros experimentados por um menino que passa as manhãs com sua avó. Ele a visita todos os dias e a encontra em sua pequena casa abarrotada de ingredientes do seu jardim. 


A narrativa conduz os leitores a compreenderem como a comunicação vai além das palavras faladas. A prosa poética de Scott capta momentos de profundo significado, enquanto as ilustrações de Smith conferem uma riqueza adicional à narrativa. Uma história rica em empatia, amor e compreensão - que explora temas profundos como imigração, pobreza, perda e fim da vida.


QUAIS SEMENTES TENS PLANTADO EM SEU JARDIM DA VIDA?


- Livro: O jardim da minha Baba.

- Escritor: Jordan Scott.

- Ilustrador: Sydney Smith.

- Tradução: Paula Marconi de Lima.

- Editora: Pequena Zahar.

Resenha: Pedro e Paulo

 

Quais cores e formas seu jardim lhe oferece?


Outro dia confabulava com uma amiga querida o quanto amo utilizar referências de coisas que me são especiais e ternas [obras de arte, músicas, trechos, memórias, fragmentos...] e o quanto acredito que quem somos hoje é um grande reflexo de tudo aquilo que vivenciamos em nossas jornadas, bem como um emaranhado de referências entrelaçadas que habitam nosso interior afetivo.


Encontrar livros que exploram memórias pessoais e referências artísticas, inclusive, fotografias icônicas como ponto de partida é algo belíssimos, pois, nos deparamos com aquilo que os artistas trazem dentro de si, vivências de infância, paixões acolhidas, expressões apaixonadas... em “Pedro e Paulo”, Fábio Severino propõe diálogos deslumbrantes com sua obra e referências de suas vivências artísticas.


Quais músicas e instantes tens eternizado?


Pedro cultiva flores de todas as cores e formatos. Para ele, seu jardim é o mais lindo do mundo. Ele ama profundamente a natureza.


Paulo, seu vizinho, eterniza as flores cultivadas por Pedro nos quadros que pinta e coleciona. Ele ama intensamente a Arte.


A vida transcorre em harmonia, até que esse magnífico lugar começa a atrair visitantes curiosos, turistas, artistas e pesquisadores que vão transformar para sempre o modo de vida da pacata região e o destino de seus primeiros habitantes.


“Pedro e Paulo” é uma verdadeira obra de arte, onde as cores transcendem os limites das páginas, nos inundam e transbordam em questionamentos: onde mora o silêncio? Onde as flores sussurram? Que silêncios moram numa tela em branco? O QUE VOCÊ TEM CULTIVADO NO MUNDO?


*Na terça-feira, 22 de julho, teremos Roda de Leitura On-line desta obra, ao vivo pelo Meet; confira o link na bio!


- Livro: Pedro e Paulo.

- Autor: Fábio Severino.

- Editora: JOAQUINA.

Resenha: Doze profissões para o futuro que começou ontem

 

O mundo está mudando.

Você é capaz de imaginar quais são as profissões do futuro que começou ontem?

Há vagas para todas as crianças!


Atualmente muito tem se falado sobre estarmos “formando crianças para profissões que ainda nem existem”, mas, eu gosto de refletir e pensar que, primeiramente, não as formamos, elas JÁ SÃO. Nós, enquanto educadores, apenas podemos contribuir oportunizando as melhores experiências e vivências para que elas aprimorem, potencializem e aperfeiçoem um olhar que seja, simultaneamente, crítico-reflexivo e afetivo.

 

Vejo, diariamente, o quanto nós, enquanto adultos, falhamos, cerceando a poesia das infâncias, o olhar livre e toda sabedoria que é tão típica do universo infantil...

 

Em “Doze profissões para o futuro que começou ontem”, Anderson Novello nos convida a olhar para dentro para podermos [re]enxergar o que está à nossa volta, trazendo, com uma sensibilidade incrível, reflexões que vão desde o espírito brincante, passando pelas [des]importâncias e em que depositamos nossas energias e tempo.

 

“Estamos contratando. Há vagas para:

 > Doadores de tempo (com habilitação em criação de brincadeiras).

> Pacificadores (desejável experiência em acalmar desassossegos).”

 

Impossível sair ileso e, mais ainda, não se pegar sorrindo e refletindo consigo mesmo como tens vivido sua vida, o que tem se permitido e, principalmente, será que tens enxergado as sutilezas poéticas que te rodeiam?

*as ilustrações são um SHOW à parte, com INÚMERAS referências que vão desde o Universo Literário à Cultura POP!

 

- Livro: Doze profissões para o futuro que começou ontem.

- Escritor: Anderson Novello.

- Ilustrador: Daniel Cabral.

- Editora: Ciranda na Escola.

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Resenha: O avesso da pele

Sinopse: Um romance sobre identidade e as complexas relações raciais, sobre violência e negritude, O avesso da pele é uma obra contundente no panorama da nova ficção literária brasileira.

Vencedor do Prêmio Jabuti na categoria “Romance Literário”. 

(…)


Em 'O Avesso da Pele', Jeferson Tenório desenha um poema em prosa que transcende as palavras. A narrativa, tão sensível quanto brutal, desvela as cicatrizes da vida de Pedro, catapultado pela tragédia da morte paterna.


Num país onde o racismo é uma sombra onipresente e o sistema educacional é um eco de falhas estruturais, Tenório tece uma tapeçaria literária que é, simultaneamente, um grito de resistência e um lamento pela realidade.


A busca de Pedro pelo passado da família e pelos caminhos paternos é uma jornada pelas entranhas de um Brasil marcado pela intolerância.


Aqui, as relações entre pais e filhos são despidas de ilusões, revelando complexidades tão profundas quanto as raízes de uma árvore ancestral.


A vida de Pedro é um eco das fraturas existenciais inevitáveis de sua condição negra num país que ainda engatinha na superação de suas próprias limitações.


Nesse processo de dor, acerto de contas e busca por redenção, Tenório esculpe uma obra que é um convite à reflexão poética e um manifesto pela liberdade que transcende as páginas, ecoando no leitor como uma sinfonia de verdades inquietantes.


(.)



- Livro: O avesso da pele.

- Autor: Jeferson Tenório.

- Editora: Companhia das Letras .

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Resenha: Certidão de nascimento poético

Sinopse: A poesia quando nasce muda os sentidos. Quem a carrega nos braços comove-se. Muda a origem do ser e leva consigo a esperança em um Portador dos Sonhos.
 

André Neves possui uma capacidade única e singular de nos arrebatar poeticamente.


(…)

Em seu novo lançamento “Certidão de nascimento poético”, ele nos brinda com um percurso por avenidas, ruas e vielas poéticas que nos transmitem emoções inenarráveis, daquelas que guardamos dentro de nós, com sabor de infância e que nos deixa mel na boca feito sorriso de criança.

É muito raro encontrarmos autores que conseguem brincar com as palavras de uma maneira tão leve e envolvente que nos faz ficar entre nuvens, saboreando as poesias que nos compõem, que nos cercam e nos arrebatam.

Na essência da linguagem poética, encontramos um convite para transcender os limites do ordinário, mergulhando nas profundezas da alma humana.

O que André faz aqui é uma melodia que ecoa a transformação sutil e poderosa que a poesia opera nos sentidos, ressignificando a própria origem do ser. É como se, ao “segurar a poesia nos braços”, nos entregássemos a um ritual íntimo, onde as palavras dançam e se entrelaçam, comovendo-nos numa sinfonia de emoções.

A poesia, aqui personificada como um “Portador dos Sonhos” (dentro de nós ou dentro do livro?), tece fios de esperança, delineando horizontes onde a imaginação é livre para alçar voos inexplorados.

(..)

Este é um convite à contemplação, uma celebração da magia que reside nas entrelinhas do poético, onde as palavras se tornam portadoras de sonhos, conduzindo-nos a um reino onde a beleza se revela nas nuances da linguagem.

(.)

André nos faz (re)nascer com uma obra potente, sensível e carregada de signos e significados. Transbordando poesia página a página, nos transportando a novos lugares e vivências, mudando os tons que nos permeiam e fazendo melodia em forma de infância.


-Livro: Certidão de Nascimento Poético.

-Autor: André Neves.

-Editora: Abacatte.

Resenha: Uma noite muito, muito estrelada

 

Sinopse: Diante do ambiente árido e opressor da casa e da escola, uma menina vai se fechando, cada vez mais, para o mundo ao seu redor. Filha única de pais ocupados e distantes, a garota sofre de problemas cada vez mais frequentes, principalmente nas grandes cidades: solidão, tédio, incomunicabilidade, pressão na escola, dificuldade de expressar sentimentos e de estabelecer amizades. Seu dia a dia caminha arrastado entre o sonho e a realidade até que ela conhece um garoto tão solitário quanto ela, com quem passa a compartilhar medos, desejos e alegrias. Em companhia dele aventura-se nas montanhas, à procura da noite estrelada que costumava admirar com o avô que morreu. Do mesmo modo repentino como o amigo veio, ele se foi, mas não sem deixar para ela um presente e a possibilidade de imprimir em seu cotidiano o brilho daquele céu de verão.


“Para as crianças que não conseguem se comunicar com o mundo.”

Impossível não se emocionar, perder-se por completo e, ao final, querer morar nas páginas de “Uma noite muito muito estrelada”!
Eu, de imediato, me relacionei com a protagonista. Vi muito de mim, do Helder criança, nela. Introspectivo, incapaz de externar suas angústias e tudo aquilo que lhe inquieta por dentro…
“Apesar de ter alguns amigos, ainda sinto uma solidão que não sei bem como explicar.”
O livro é ARTE pura. Em todos os sentidos! As ilustrações são um deslumbre, indescritíveis [sério, corram!].
Diante do ambiente árido e opressor da casa e da escola, uma menina vai se fechando, cada vez mais, para o mundo ao seu redor. Filha única de pais ocupados e distantes, a garota sofre de problemas cada vez mais frequentes, principalmente nas grandes cidades: solidão, tédio, incomunicabilidade, pressão na escola, dificuldade de expressar sentimentos e de estabelecer amizades.
Recebi essa obra-prima como doação aqui para o Espaço de uma pessoa muito querida e iluminada. Ainda hoje, depois de meses que o recebi, não consigo descrevê-lo ou dimensionar tudo o que senti com sua leitura.
O dia a dia da menina caminha arrastado entre o sonho e a realidade até que ela conhece um garoto tão solitário quanto ela, com quem passa a compartilhar medos, desejos e alegrias.
O livro, desde a primeira leitura, me remeteu MUITO ao Studio Ghibli, especialmente à “Memórias de Ontem”. Não sei se porque, quando o recebi, tinha acabado de ver o filme, mas, a obra, em todo momento, nos faz mergulhar nesse universo poético, sensível, belo e melancólico de uma infância que “foge” daquele padrão estereotipado, do “lugar comum”.
Alguns dizem que tenho a tendência de gostar de “livros tristes”, de me envolver muito com a melancolia… confesso: amo quando vejo um livro assim, me sinto representado. Percebo, hoje, aos trinta e três anos que, de fato, está tudo bem abraçar sua melancolia, não ser como os outros e viver no ritmo de uma melodia diferente. É isso que nos torna únicos e o mundo tão diverso.
Sem intenção de moralizar ou ensinar algo, Jimmy Liao nos apresenta um retrato comovente da infância.


UMA NOITE MUITO, MUITO ESTRELADA

Autor: Jimmy Liao.
Número de páginas: 144 páginas.
Editora: SM.
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O B R I G A D O

 

“Em 2020, em meio à pandemia que escancara a fragilidade humana, revelando a importância das artes e dos afetos a salvaguardar nossa sobrevivência emocional, a editora Pulo do Gato tem a honra de celebrar, com a publicação deste livro, os 25 anos de carreira do escritor e ilustrador André Neves.

Viva a poesia e viva o poeta!”

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Devo iniciar confessando que possuo grande dificuldade para escrever sobre aquilo que amo. Quando digo amo, quero falar daquele AMOR VERDADEIRO, que nos invade, nos completa, nos transborda e nos faz transcender…

Esta é a minha relação com a obra de André Neves. Uma relação de AMOR. Genuíno. Intenso. Complexo.

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Com “Obrigado” André alcança algo inimaginável! Consegue transpor e transcender sua própria obra, saudando e brindando aqueles que lhe são caros, que fizeram e ainda fazem parte de sua vida e, neste percurso, nos permite adentrar em seu universo poético particular fazendo, assim, com que alcancemos um estágio de poetização da vida ESPETACULAR.

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Ainda me vejo aqui, mergulhado nessas “palavras com imagens sonhadas”, deslumbrado, como quando peguei o livro pela primeira vez.

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Uma das coisas que mais amei foi a "autoreferência" ao Obrigado, que vem presente em todas as ilustrações, ora mais explicitamente, ora de maneira mais discreta. Parece-me que eles (poetas) estão dialogando com o autor, o "Pequeno André", que os conta o que eles diriam, como se tivesse partilhando um segredo há muito tempo compartilhado e esquecido... Bem como vão conversando também com os colegas ao lerem, nas páginas do Obrigado que trazem nas mãos, o que diriam se fossem "pequenos".

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OBRIGADO, a meu ver, se tornou uma experiência de IMERSÃO. Mergulhamos, desde os primeiros rascunhos postados por André, passando pelas (sensacionais!) lives imaginárias e chegando ao livro, enquanto objeto, num MAR que ora nos nocauteia completamente, fazendo com que precisemos subir à superfície e recobrar o fôlego, ora nos abraça e, sutilmente, nos arrebata.


"Às vezes penso imagens com palavras.

É meu jeito de oferecer uma prece à minha infância.

Como acontece?

Não sei.

Acho mesmo que acontece sem acontecer.

É sonho grudado no olho agitando a fantasia."


André, correndo o risco de ser repetitivo (como sempre o sou), preciso dizer, mais uma vez: suas palavras me tocam, invadem, preenchem e fazem tudo que sinto, tudo que existe dentro de mim, assumir novas formas. Uma mutação de vida que nunca havia imaginado.

Suas ilustrações me encantam de tal maneira que, por mais piegas que possa parecer, não consigo expressar em palavras!

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Mais uma vez lhe agradeço. Por ser quem és. Por fazer o que fazes. Por se permitir e, em contrapartida, NOS PERMITIR.

Sentir. Ser. Estar.

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OBRIGADO!


OBRIGADO



Autor: André Neves ❤️

Número de Páginas: 64 páginas.

Editora: Pulo do Gato ❤️

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Resenha: Nuno e as coisas incríveis


Sinopse: Nuno enxergava o mundo por intermédio das imagens. Sua imaginação clareava os tons mais escuros das folhas de papel. Num desses rabiscos, ele encontrou Nina, que rabiscava com palavras. Mas Nina não conseguiu enxergar a vida a partir dos olhos de Nuno, nem perceber que ele contava o que as palavras não conseguiam expressar.

 

É muito “engraçado” como a vida é repleta de ciclos, não é?

Talvez engraçado não seja a palavra correta, mas, sei que vocês irão me entender...

 

Conheço o trabalho do André Neves há uns bons anos. Mas, nos últimos três anos, em especial, considero que houve um “estreitamento” em nossa relação.

Talvez por conta do amadurecimento profissional/pessoal que tive. Ou por ter aprimorado meu olhar poético… não sei explicar! O fato é que, atualmente, sinto uma conexão quase que simbiótica com seus livros.

 

A sensibilidade de seus textos unida a suas impactantes ilustrações, me deixam, a cada leitura, embasbacado, numa profusão de sentimentos.

 

Em “Nuno e as coisas incríveis” conhecemos um garoto que se expressa por meio das imagens, se equilibrando na imaginação e encontrando a inspiração escondida em todos os lugares.

 

Certo dia, na melodia do destino Nuno conhece Nina. E se encanta! Nina adorava as palavras e a transformava em arte.

 

Nuno resolve fazer um desenho para Nina. Deposita suas emoções e sentimentos nesse processo. Nina faz “pouco caso” do presente que recebe… E aí, meus amigos, se você ainda não tiver sido arrebatado pelos sentimentos durante a leitura, acontece a magia: ao invés de se permitir abalar, oprimir ou destruir, Nuno [numa sequência ESPETACULAR de ilustrações do André!] resolve fazer um mural de coisas incríveis. Quando vemos Nuno pensando em rasgar seus desenhos, a ilustração mostra o personagem entre uma casa partida ao meio. Daí, depois de fazer o mural das coisas incríveis, vemos uma sequência de “costuras” que entremeiam as páginas e mantém a casa inteira. SENSACIONAL, apenas! [não consigo explicar muito bem em palavras, rs].

 

Este livro é carregado de memórias afetivas. O ano de dois mil e dezenove foi extremamente difícil, por inúmeros motivos, na escola em que trabalhava. Porém, equivalente às situações complicadas houveram outras permeadas de afeto e partilha. Mantive um Clube de Leitura na escola e, na última semana de aula, realizamos a leitura de Nuno.

 

Havia um garoto que esteve presente em TODOS os momentos de leitura. Meu xodó! Pequenino como era, se aninhava em meu colo para ouvir as histórias [o que deixava as outras crianças morrendo de ciúmes! Mas isso é história pra outro dia]. Ao término da leitura de Nuno, debatemos e conversamos como sempre e, por se tratar da última semana, deixei todo mundo mais à vontade: alguns foram brincar, outros correr e alguns, como o pequenino, ficaram comigo para desenhar. Propus que pensássemos e desenhássemos nossas próprias coisas incríveis. Ele, no auge de seu pequenino tamanho, conseguiu me desmontar por inteiro: em seu desenho fez uma representação minha, dentro da escola, com um exemplar de Nuno nas mãos e o coração na garganta, porque eu amava ler e falar.

 

“Adormecer no futuro é sonhar em reticências…”

 

“Nuno e as coisas incríveis” é mais um primor de André Neves. Uma obra sensível, carregada de expressão e impacto. Um olhar para além da superfície. Íntimo. Um [re]encontro com tudo aquilo de incrível que há em nós.

 

“E só alguns percebiam

Como ele libertava

O que as palavras

Não conseguiam expressar.”


 *Ontem, 15/06, aconteceu lá no meu Instagram a leitura e um bate-papo sobre este livro. Está salvo no IGVT. Dê uma conferida! @helderguastti


NUNO E AS COISAS INCRÍVEIS

 

Autor: André Neves.

Número de páginas: 42 páginas.

Editora: Jujuba.

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Resenha: Aprendiz da imperfeição

                                                                      

Sinopse: Um jovem convive com um grande pintor na condição de aprendiz de sua arte, mas, diante da humildade e generosidade do mestre, acaba por aprender mais sobre a vida, o tempo, a cumplicidade e o sentido da existência. A perfeição, segundo o mestre, é insuportável.

 

“Enquanto eu continuar na ignorância, não sou ninguém.”

 

Há livros e LIVROS, não é mesmo?!

Peço perdão e que não me levem à mal pela frase anterior, mas, o fato é que hoje, infelizmente, vemos uma imensidão de ‘clubinhos’ de livros e leituras pífios, sem curadoria alguma, com livros de textura, que desconsideram a inteligência dos leitores e tudo mais…

 

E por que resolvi iniciar dizendo isso? Porque é gratificante e RECONFORTANTE quando encontramos livros que nos enriquecem. Que nos inquietam. Que nos fazem refletir e nos TRANSFORMAM ao final da leitura.

 

Este é o caso de “Aprendiz da imperfeição”, editado pela sensacional Pulo do Gato. Quem me conhece um pouquinho muito provavelmente já me ouviu falando sobre a Pulo [olha a intimidade]. O catálogo da editora é deslumbrante, em todos os sentidos! Qualidade estética e literária, livros que não subestimam os leitores e de uma riqueza indescritível.

 

Em “Aprendiz da imperfeição” conhecemos um menino que viaja de muito longe com o desejo de ser aprendiz de um grande artista, porém, quando ele bate à porta do pintor, esse não a abre, recusando-se a aceitar o menino como aprendiz. Mas, depois de muitas tentativas [e recusas por parte do mestre] o menino consegue adentrar no ateliê e ser aceito pelo ancião.

 

Durante a leitura do livro somos levados, como o menino, a acompanhar todo o processo de trabalho do pintor, até o momento em que há uma pausa, uma ausência de uma semana e, quando ocorre o retorno, nos deparamos com o pintor exausto diante de seu maior trabalho: uma tela perfeita.

 

De muito longe vem visitantes querendo obter a obra. Pelos motivos mais diversos. Ganância, vaidade, orgulho ostentação… mas, a cada pedido de compra, o mestre responde:


“Vou pensar a respeito”.

 

O final do livro é de uma sensibilidade ímpar! Somos levados a refletir sobre mil questões, daquelas bem íntimas, que permeiam nosso [sub]consciente e, ao concluir a leitura, quando vem o silêncio, percebemos que, de fato, A VIDA É UM CICLO.

 

As ilustrações são verdadeiras obras de arte e complementam o texto, levando-nos a fazer outras leituras da obra.

 

“As ilustrações remetem o leitor à estética visual e à cultura japonesa. A delicadeza dos gestos e das vestimentas, a beleza dos cenários internos e a marca da passagem das estações complementam a narrativa com poesia, ampliando os sentidos do texto. O desfecho retoma o início da narrativa e ressignifica os papéis de mestre e aprendiz.”


 APRENDIZ DA IMPERFEIÇÃO


Autor: Pieter van Oudheusden.

Ilustradora: Stefanie De Grafe.

Número de páginas: 32 páginas.
Editora: Pulo do Gato 

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Resenha: Cara Carlota Cornelius


Sinopse: Sobre o capacho da entrada de sua casa, 'Carlota Cora Cornelius' encontra um envelope endereçado a ela. De quem será a carta misteriosa? Em sua imaginação e com os olhos do desejo, Carlota lê cartas aparentemente improváveis, que a convidam a se libertar das suas quatro paredes e do jugo da mãe. Este é um livro sobre a força dos sonhos e do desejo de liberdade.

 

Se pudesse eu também enviaria uma carta à Carlota. Dizendo que vai ficar tudo bem [...]

 

O PODER da literatura é fantástico, não é mesmo? Como um mesmo livro pode causar reações diferentes em cada pessoa, dependendo de sua trajetória leitora e sensibilidade para com as obras literárias (bem como o percurso leitor que teve/tem ao longo da vida).

 

Mas, por que estou dizendo tudo isso antes, de fato, começar a resenha? Quando resolvi comprar “Cara Carlota Cornelius” estava à procura de “livros com cartas” e, em minhas pesquisas, encontrei a indicação da obra no caderno de indicações literárias da maleta do “Trilhas” (se não conhece: corra porque há um novo curso aberto, o material é muito bom!), uma resenha especializada da A Taba e, também, um comentário na página do livro na Amazon. Um bem diferente do outro (os dois primeiros bem positivos, minha cara e o comentário ultra negativo). Pronto, estava composta a fórmula certa para me deixar completamente inquieto (antes mesmo de ler o livro!) e comprá-lo sem pensar duas vezes.

 

Apaixonei-me de imediato por Carlota. No livro, a conhecemos logo na primeira página, quando encontra uma carta sobre o capacho. Ela não acredita. Arregala os olhos. Fica surpresa. Mas é isso mesmo, a carta está endereçada a ela.

 

Antes mesmo de conseguir abrir o envelope, sua mãe berra zangada, no topo da escada, ordenando que ela saia para fazer as compras e cumprir suas obrigações. Carlota, com o coração aos pulos, pega o envelope e… inicia a magia inteira do livro!

 

A menina começa a divagar com seus botões várias possibilidades para o que poderia estar escrito naquela carta. A cada virar de páginas somos transportados a um mundo fantástico (incrivelmente ilustrado em páginas duplas), guiados pela imaginação de Carlota.

E se quem enviou a carta foi o diretor do circo?

E se quem enviou a carta foi o Xeque Abu Dabhi?

E se quem enviou a carta  foi sua amiga Sylvia?

E se…

 

Quantas possibilidades encontramos quando queremos sair situações desagradáveis, não é mesmo? Quantas vezes em minha vida me vi como Carlota, escapando para dentro de mim e divagando comigo mesmo…

 

O final, confesso, me deixa fascinado toda vez que leio. Assim como Carlota, toda vez me pego sem lenço nem documento – mas com os olhos brilhantes!

 

Se quiser conferir e desvendar o que acontece com Carlota, lá no feed e no IGTV do Instagram, bem como em meu perfil do Facebook, tem a leitura deste livro sensacional!


CARA CARLOTA CORNELIUS


Autor: Mathilde Stein.

Ilustradora: Chuck Groenink.

Número de páginas: 32 páginas.

Editora: WMF Martins Fontes.

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Resenha: O caso do pote quebrado



Sinopse: Dona Coruja é investigadora de renome e está encarregada de resolver o mistério: afinal, quem transformou em cacos o pote do Marreco? Dona Coruja ganhou destaque como investigadora depois de resolver o Caso das Bananas (publicado pela Brinque-Book em 2003). Agora, ela está de volta para ajudar o desolado Marreco a desvendar o Caso do Pote Quebrado.

 

Adoro livros que prendem o leitor e o permitem participar da narrativa.

Em “O caso do pote quebrado”, escrito por Milton Célio de Oliveira Filho e ricamente lustrado por Mariana Massarani nos deparamos com o pobre Marreco que estava desolado, pois, enquanto tomava banho na lagoa, um intruso entrara em sua casa e atirara seu pote ao chão, transformando-o em cacos. A partir daí ele, determinado em saber quem foi o malvado que havia cometido tamanha atrocidade, convoca Dona Coruja, investigador de renome, para assumir o caso.

 

A cada virar de página vemos a coruja usando todo o seu talento de Sherlock Holmes para desvendar o mistério. Vai investigando os animais um a um e é aí que está a “mágica” do livro!

 

Nós, os leitores, acompanhamos a investigação através do diálogo/entrevista da coruja com os animais. Cada um dá sua justificativa (ou álibi, como achar melhor) de o porquê não é culpado e, além disso, cada um aponta um suspeito.

 

Dá para explorar cada página do livro e estimular a participação das crianças para desvendarem os suspeitos, tentando adivinhar qual animal aparecerá ao virar a página (além de tentar adivinhar por meio da fala e descrição dos animais, Mariana também dá uma pequena pista de cada um dos novos suspeitos, permitindo-nos vislumbrar um pedacinho do corpo do próximo animal na ilustração da página direita que antecedem seu aparecimento).

 

O livro é uma delícia de se ler em voz alta, de apresentar numa roda de leitura, deixando as crianças (pequenas e grandes, não há idade!) explorarem as ilustrações (eu, particularmente, AMO o traço da Mariana Massarani, neste livro ela estava particularmente inspirada, as ilustrações são belíssimas, todas em páginas duplas) e acompanharem o desfecho dessa história fantástica.

O desfecho, por sinal, é o ÁPICE de tudo que acontece no livro! É tão fantástico e imprevisível que, afirmo, vale a pena conferir (não entregarei aqui para não estragar a surpresa)!

 

Se quiser conferir e desvendar o que acontece, lá no feed e no IGTV do Instagram, bem como em meu perfil do Facebook, tem a leitura deste livro delicioso!


O CASO DO POTE QUEBRADO


Autor: Milton Célio de Oliveira Filho.

Ilustradora: Mariana Massarani.

Número de páginas: 32 páginas.

Editora: Brinque-Book.

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