Resenha: Um milhão de borboletas

Sinopse: No meio da noite, Alfredo, um elefante inquieto, percebe um milhão de borboletas voando ao redor de sua cabeça. Imediatamente, se vê obrigado a partir, sem saber pra onde em busca de não sabe o quê. “Trate de aproveitar. E de guardar tudo na memória. E de segui-las.”, aconselha o Velho Alce. Até que uma elefanta aparece na história... É quando Alfredo entende que as borboletas entoam um chamado, mas só ouve aquele que está preparado. Indicado para todos que já sentiram – ou esperam sentir – borboletas esvoaçando na barriga.

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Sabe, eu amo livros infantis que tratam de assuntos “adultos”. Não que eu considere que deva existir uma separação entre “assuntos de adultos” e “assunto de crianças”, mas, na sociedade em que vivemos, é muito comum encontrarmos essa diferença bem estabelecida.


São muitos os tópicos considerados impróprios para os enfants. Mas, a meu ver, as crianças não devem ser privadas de nada, pois, a partir do momento em que você a priva de um assunto ou informação, você a está subestimando e, como eu sempre digo: POR FAVOR, NÃO SUBESTIMEM AS CRIANÇAS!


Dito isso, posso começar a falar sobre essa fofura chamada Um milhão de borboletas. Mais um primor da saudosa Editora Cosac Naify.


“Este não é um livro sobre 1 milhão de borboletas, mas sobre um elefante, o Alfredo, animal inquieto que parte sem saber pra onde em busca de não sabe o quê.”


No livro conhecemos um elefante chamado Alfredo que, de uma hora para outra, começa a se deparar com borboletas. E, a partir desse momento, seus pais saparam a sua trouxa de roupas, comida, água e o enviam à uma jornada inesperada em busca de reflexão e autoconhecimento.


O livro aborda a descoberta do amor, a evolução pessoal e o crescimento. Tudo trabalhado de maneira poética e tão suave que, ao término da leitura, garanto, você estará sentindo dentro de si um milhão de borboletas!


Simplesmente encantador e tocante, de uma sensibilidade ímpar, capaz de mexer com os sentimentos e fazê-lo refletir sobre seu próprio crescimento e [re]descobertas amorosas. 


Um milhão de borboletas

Autor: Edward Van de Vendel
Capa dura 
Número de páginas: 32 páginas
Editora: Cosac Naify 
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Resenha: Os três lobinhos e o porco mau


Sinopse: Este livro inverte os conhecidos papéis do lobo mau e dos porquinhos - quem era caçador vira caça e vice-versa, mantendo o maniqueísmo de algumas histórias infantis, que simplesmente separam os personagens entre bons e maus, bobos e espertos. Levando em consideração o pequeno leitor moderno, que de bobo não tem nada, 'Os Três Lobinhos e o Porco Mau' é uma sátira que surpreende utilizando elementos atuais, para reinventar uma história que continua emocionante.

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          Todo mundo sabe: adoro histórias que “baguncem” o que já conhecemos. Adaptações, versões diferentes, invertidas… enfim, tudo o que vire de pernas para o ar aquilo que já está “batido e datado”. Este livro é mais um desses casos.


          “Os três lobinhos e o porco mau” inverte os famigerados papéis de vítimas e vilão nessa história, que todo mundo já conhece de ponta a ponta, trazendo, assim, um novo olhar e frescor para algo já tão explorado.


          Nesta versão a mãe dos lobinhos os chama e diz que é hora de partirem rumo ao desconhecido, vivendo suas vidas de maneira independente. Aqui, diferente das versões comuns, os três lobinhos sempre permanecem unidos, construindo apenas uma casa para os três morarem. E, a cada nova construção, o porco mau surge para assombrá-los e aterrorizá-los das maneiras mais impossíveis.


          Escrito de maneira leve, porém, muito agradável de ler [especialmente em voz alta], Os três porquinhos e o porco mau é capaz de entreter e divertir todo tipo de leitor, independente de sua faixa etária. Conta ainda com um “versinho” que o porco mau repete a cada visita infame À casa dos lobinhos, o que faz com que, inconscientemente, as crianças repitam durante a leitura.


          As ilustrações são o ponto alto do livro. Delicadas e muitos vivas, fazem parceria à escrita suave e melódica.



          O final do livro, confesso, deixou um pouco a desejar. Eu, particularmente, encerraria a história uma página antes do desfecho final, porém, apesar deste detalhe, o final em si não atrapalha em nada a leitura. Pelo contrário, pode gerar boas discussões e debates sobre nossos comportamentos e atitudes para com os outros.


Os três lobinhos e o porco mau


Autor: Eugente Trivizas
Número de páginas: 32 páginas
Editora: Brinque-Book
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Resenha: Íris - uma despedida



Sinopse: Da noite para o dia, a família de Íris descobre que ela está gravemente doente e precisa ser hospitalizada. Por meio do ponto de vista terno e ingênuo de sua irmã mais nova, que narra os sentimentos que a afligem, o leitor compartilha dos acontecimentos que transformam a rotina familiar, juntamente com o medo, a esperança e a tristeza que os acompanham. Com lirismo e delicadeza, a narrativa apresenta uma temática delicada, especialmente para o universo infantil: a doença progressiva de uma pessoa querida. As metafóricas ilustrações também contam a trajetória da doença da pequena Íris, numa sequência gradativa de imagens em que a menina é envolvida por flores de pétalas azuis, oferecendo uma leitura paralela e intensa ao texto, já repleto de sentimento.

As ilustrações de Beatriz Martín Vidal retratam de maneira poética o desenvolvimento da doença de Íris


“Acho que você não deve ler esse livro pra mais criança nenhuma tio Helder.”


Senti a necessidade de iniciar esta resenha com essa frase, pois, assim como o livro, Íris – uma despedida, ela me marcou bastante.


Íris – uma despedida é um livro extremamente tocante. De uma sensibilidade tremenda, a obra de Gudrun Mebs mesclada com as BELÍSSIMAS ilustrações de Beatriz Martín Vidal te fará refletir sobre a vida, a morte e as relações de afeto que estabelecemos uns com os outros.


O livro nos conta a história de uma menina chamada Íris que tem um tumor na cabeça. Porém, a história nos é contada a partir dos olhos de sua irmãzinha.


Tudo se inicia num belo dia quando as meninas acordam e percebem que Íris acordou com os dois olhos vesgos. As meninas se divertem imensamente com essa situação, porém, seus pais ficam extremamente preocupados.


Apesar de todo o drama carregado por conta do câncer que é descoberto em Íris, o livro consegue abordar todo o tema de maneira “fluída”, a partir dos olhos da irmã pequena, o que nos faz até rir em certos momentos. O livro é muito emocionante e consegue tocar de uma maneira profunda e extremamente sensível no nosso interior.


Quando terminamos de ler, eu estava com os olhos marejados e meu aluno se segurando. Foi aí que ele soltou a frase que iniciei esta resenha “Acho que você não deve ler esse livro pra mais criança nenhuma tio Helder.” E, depois de dizer isso, ele caiu em prantos. Foi um dos momentos mais lindos que vivemos juntos. Íris – uma despedida nos proporcionou muitas divagações, questionamentos e discussões. Passamos um bom tempo de nossa aula refletindo sobre a vida e a morte e como podemos aperfeiçoar nossos relacionamentos afetivos.


A maneira com que o livro foi [belamente] escrito por Gudrun Mebs, “facilita” a compreensão da leitura feita por uma criança [seja esta leitura sozinha ou compartilhada]. Mas, apesar de ser um “livro infantil”, reitero: ele deve ser lido por leitores de todas as idades, pois, tocará a TODOS, não tenho dúvidas disso.


Fazia algum tempo que algo não nos acertava de maneira tão intensa. Íris – uma despedida nos acertou feito um caminhão, deixando-nos entorpecidos com sua história divinamente escrita e ilustrada.



Por favor: LEIAM.


Íris - uma despedida

Autor: Gudrun Mebs
Número de páginas: 80 páginas
Editora: Pulo do Gato
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