Resenha: Carona na vassoura


Sinopse: A bruxa e seu gato estavam muito felizes voando na vassoura, até que... o vento leva primeiro o chapéu da bruxa, depois seu laço e, por fim, a varinha!
Felizmente, cada uma dessas coisas é apanhada por um animal prestativo que se junta à bruxa agradecida e seu gato na viagem.
Uma história muito engraçada sobre a bruxa e seus amigos, com rimas irresistíveis e ilustrações maravilhosas, é perfeita para ser lida em voz alta e apreciada pelas crianças.




Aaah! Julia & Axel... dupla de sucesso. Sem dúvidas!
Sou PERDIDAMENTE apaixonado pelas obras dos dois [e não vejo a hora de completar minha coleção falta pouco!].


Como disse na resenha de “O gigante mais elegante da cidade” Julia possui uma escrita DELICIOSA, daquelas que nos convidam a leitura em voz alta. E as ilustrações de Axel são irresistíveis, carregadas de cor e expressão, possuem características ÚNICAS [imediatamente, ao se deparar com uma de suas ilustrações, você consegue identificar].


Em “Carona na vassoura” conhecemos uma simpática bruxa, que segue feliz da vida voando com seu gato, até que um vento forte começa a soprar e… a partir daí a história se desenrola. A cada virar de página a bruxa vai deixando cair algo e, sempre que ela desce para procurar, vem um animal solícito para lhe ajudar.


A história é bem “redondinha”, daquelas que trazem alegria, sorrisos e proporcionam momentos de leitura deliciosos. Eu, particularmente, amo conta-la em voz alta, fazendo aquela leitura bem dramática, com chapelão e gritando “DEEEEESÇA” numa vibe bem histérica, rs [as boas histórias têm esse efeito sobre mim].


Acho fantástica a maneira com que os livros de Julia & Axel nos envolvem. Suas obras se tornaram verdadeiros clássicos [vide o sucesso de “O Grúfalo”] e isso se dá, em minha opinião, pela maneira com que eles costuram texto e ilustrações, criando obras fantásticas e atemporais, capazes de encantar crianças de 0 a 100 anos.


*Há também um curta-metragem lindo feito a partir da história do livro, vale super a pena conferir!


CARONA NA VASSOURA

Autora: Julia Donaldson
Ilustrador: Axel Scheffler
Número de Páginas: 32 páginas
Editora: Brinque-Book
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Resenha: Bojabi - a árvore mágica


Sinopse: Os animais estão muito, muito famintos. Então eles veem uma árvore maravilhosa, coberta de frutos vermelhos e maduros, que exalam o aroma de doces mangas, são gordos como melões e suculentos como tâmaras... MAS... Enrolado em volta da árvore está o MAIOR PÍTON que eles tinham visto na vida. E o Píton só vai deixar os animais comerem as frutas se eles disserem o nome da árvore. Qual será o nome? O Rei da Floresta é o único que sabe, e ele mora longe, muito longe...
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Em “Bojabi – a árvore mágica” encontramos um grupo de animais que arrastavam-se pela terra rachada [o Elefante, a Girafa, a Zebra, o Macaco e a Tartaruga] procurando algo para comer, pois, naquele tempo, que aconteceu há muito tempo atrás, um vento seco soprava sobre a África e nenhuma chuva caía. Depois de tanto procurar os animais encontraram uma árvore esplêndida, coberta com os frutos mais suculentos e maduros que já haviam visto. Porém, como toda boa história esta possui um “porém” no meio do cmainho, enrolada em volta do tronco da árvore se encontrava a maior serpente píton que os animais já tinham visto.


Eles tentam, com muito jeitinho, pedir educadamente à serpente que os deixe pegar algumas frutas, mas ela, impiedosa que só, diz que apenas o fará se eles disserem o nome da árvore. E é a partir daí que a história se desenrola.

A Tartaruga, muito sábia, relembra de uma história de sua tataravó que dizia que apenas o grande Rei da Floresta conhece o nome da árvore, mas que ele vivia muito longe dali. Eles começam então a matutar sobre qual deles poderia ir de encontro ao grande Rei descobrir o nome da árvore. Primeiro vai a zebra,  depois o macaco… e assim por diante.


A história é divertidíssima! Os animais se envolvem em algumas trapalhadas no meio do percurso, muitas delas envolvendo seus próprios egos e orgulho e o final, daqueles bem característicos das melhores histórias orais, nos deixa rindo. Mas, para descobri-lo, você precisa ler o livro! E, de preferência, o faça em voz alta, caprichando na entonação, nas caras e bocas. Garanto, a leitura fará todos a seu redor se encantarem!


Prêmios & Seleções:
• Acervo Básico FNLIJ 2014 | Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil
• Biblioteca Itaú Criança 2013 | Fundação Itaú Social



*No site da Editora professores e bibliotecários têm desconto!


BOJABI - A ÁRVORE MÁGICA

Autora: Dianne Hofmeyr
Ilustrador: Piet Grobler
Capa dura 
Número de páginas: 32 páginas
Editora: Biruta
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Resenha: Manu e Mila


Sinopse: Céu anil, jardim florido, sol e nuvens branquinhas. Mila acordou inspirada e foi logo nomeando suas sensações com poesia. Sabia que aquela manhã deliciosa lhe traria um caminho: “Hoje é um dia perfeito para encontrar a alegria”, disse ao Manu, que logo contestou: “Mas onde encontrar a alegria?”. Em suas pequenas grandes convicções, eles foram, ao ar livre, procurar o que podia estar ali sob seus olhos. No alto de uma árvore, debaixo de uma joaninha. Manu achava uma coisa, a garota Mila encontrava outra. O que não sabiam é que essa busca tinha muito em comum: o viver, na delicadeza do que o outro nos apresenta.
André Neves.
[...]
Creio que, hoje, André tenha se tornado meu autor preferido. Seus livros me trazem uma sensação de acalanto que, por mais que tente, não consigo explicar em palavras.
Sou do tipo que lê e se emociona, que fica com um sorrisão bobo nos lábios e os olhos marejados quando encontra um livro que aquece o coração.
Os livros do André, todos eles, sem tirar nem pôr, causam essa sensação em mim. E isso é magnífico!
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Em “Manu e Mila” acompanhamos uma dupla de crianças que num dia delicioso “jardim florido, céu anil brancas nuvens, sol macio” se questionam e refletem sobre onde se encontra a alegria. A mãe de Mila diz que a alegria pode estar em qualquer lugar, enquanto Manu contrapõe dizendo que o mundo é muito grande e duvida que a alegria esteja ali no jardim.


Mila, que me enche o coração e me faz relacionar completamente com ela [que tem ares de personalidade de Amélie Poulain] crê que a alegria está escondida nas pequenas coisas [debaixo de uma pedra. Em um pingo-d’água. Dentro de uma semente] já Manu achava que a alegria estava entre as coisas grandes [perdida em uma imensa cidade. No alto de uma montanha. Boiando no meio do oceano]. Ambos acreditam que a felicidade está nos lugares mais difíceis de procurar.


Durante a leitura, texto e imagem nos fazem refletir sobre os pequenos prazeres da vida, sobre as alegrias que encontramos em nosso caminho, sobre os encantamentos que vivenciamos em nosso dia a dia e a maneira com que enxergamos o mundo a nosso redor.


Manu e Mila, tão semelhantes em suas diferenças, trazem um frescor ao leitor que, garanto, é IMPOSSÍVEL concluir a leitura sem pôr um sorrisão nos lábios!


André possui um “tato poético” ímpar, capaz de nos comover e encantar com uma intensidade tremenda. Seu texto, sucinto em muitos pontos, e ilustrações cheias de vida, tem o poder arrebatador de aquecer qualquer coração e nos deixar refletindo sobre o que nos traz alegria. O livro, por si só, é um pequeno prazer. Uma imensa alegria.


“A alegria é uma brincadeira fujona, sabe? Algo que nos acostumamos a encontrar e a perder o tempo todo. E existem tantas alegrias [...] A alegria para mim é fazer e ver a leitura girar como uma dança”. [NEVES, ANDRÉ]
Como não se apaixonar?

MANU E MILA

Autor: André Neves
Número de páginas: 32 páginas
Editora: Brinque-Book
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Resenha: Tinha uma velhinha que engoliu uma mosca



Sinopse: Tinha uma velhinha que engoliu uma mosca. E uma aranha. E uma ave. E um gato. E um cachorro. E uma cobra. E uma vaca. E um cavalo. Você sabe o que aconteceu? Descubra nesta premiada versão deste clássico norte-americano. Este livro, ganhador do prêmio Ópera prima durante a feira do livro infantil de Bologna 2010, resgata um texto clássico da literatura infantil norte-americana, que narra a história de uma velhinha que, sem motivos, engole uma mosca ainda viva. Para matar a mosca em seu estômago, a velhinha pensa em uma solução e é a partir daí que começa a confusão.  Além de apresentar uma história clássica, esta obra apresenta como grandes diferenciais: seu design, suas ilustrações, o formato e a tipologia usada. Tudo é inovador e complementa perfeitamente o texto, fazendo com que esta obra encante não só crianças, mas também os leitores maiores!
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Certeiro. Creio que esta é uma palavra que caracteriza perfeitamente este livro.
“Tinha uma velhinha que engoliu uma mosca” é uma daquelas obras em que é IMPOSSÍVEL permanecer indiferente ao que apresenta. Seja você uma criança grande ou pequena, leitor ávido ou não. O livro é ESPETACULAR [assim mesmo, em caixa alta], pois, apresenta desde seu projeto gráfico uma maneira peculiar que prende o leitor pelo laço.


É engraçado que TODAS as vezes em que o levei para compartilhar em voz alta, sua leitura foi daquelas que mais atraiu crianças, pois, o formato diferentão do livro já chama muita atenção e, quando começam a escutar o texto, cada vez vão se aproximando mais e mais “curiosos”.


A premissa é: uma velhinha simpática e elegante, que usa óculos, maquiagem e tem bolsinha, por um motivo que a gente não sabe o qual, resolve engolir uma mosca. Assim, inteira, sem mais nem menos. A partir daí as coisas vão degringolando, ela engole um animal atrás do outro e o narrador a todo momento nos pergunta: “O QUE PODE ACONTECER? E SE ELA MORRER”?.


O texto é estruturado em forma acumulativa/repetitivo, o que torna a leitura em voz alta ainda mais prazerosa [tanto para quem lê quanto para quem o escuta].


Passei MUITO tempo atrás desse livro [infelizmente encontra-se esgotado em todas as lojas] e, ano passado, depois de muita procura, a querida @pequenosdevoradoresdelivros encontrou um link dele no Estante Virtual e, assim, consegui comprá-lo.
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Sou suspeito para falar, pois, já amava o livro antes mesmo de tê-lo em meu acervo, mas, depois que o adquiri posso dizer: amo ainda mais! Acho SENSACIONAL quando um livro com uma premissa tão “simples” é capaz de resultar nas mais diferentes reações. Me lembro que ano passado, quando o compartilhei durante o momento de recreio, uma aluna querida, Aninha, ficou estática, com as mãos sobre o rosto, esperando pra ver se ao final da história a velhinha reagiria ou reviveria, rs.


Ano passado também, durante uma formação que ministrei para professores da educação infantil do município de Fundão [com o tema “Os desafios da formação de leitores na escola”] falei sobre o livro com tanta paixão que as professoras emitiram um coro pedindo para que eu o contasse. Antes, durante e após a leitura o momento foi fantástico! Elas acompanhavam comigo as repetições do texto, riam com o que a velhinha ia engolindo e, a “cereja do bolo”, ao final, quando ela finalmente morre [não vale dizer que é spoiler pois o livro é antigo, vá] a comoção foi geral, risadas soaram e eu não aguentei também. INCRÍVEL!


Este ano já tratei de compartilhá-lo em minha nova escola e, para variar, o momento foi de sucesso absoluto!


“Tinha uma velhinha que engoliu uma mosca” é unanimidade no quesito leitura compartilhada. Pode ter certeza que, lendo-o, o momento de leitura será MEMORÁVEL!



p.s.: não encontrei nenhum link disponível para compra😢  
EDIT: encontrei para compra no site da editora! CLIQUE AQUI


TINHA UMA VELINHA QUE ENGOLIU UMA MOSCA


Autor: Jeremy Holmes
Número de páginas: 16 páginas
Editora: Amarilys


Resenha: O gigante mais elegante da cidade




Sinopse: Em uma terra mágica habitada por seres miúdos e diversos, como pessoas, elfos e animais, há um gigante adorável e desalinhado chamado Jorge. Um dia, ele decide que é hora de repaginar o visual. Encontra uma nova loja no caminho e troca as roupas velhas e gastas por uma camisa, um par de calças, cinto, gravata, meias e sapatos pretos brilhantes. Tudo muito elegante. No entanto, quando se depara com uma série de animais que precisam de ajuda, ele imediatamente começa a distribuir suas roupas para ajudar. A gravata aquece o pescoço da girafa, a camisa se torna uma vela de barco, e um de seus sapatos novos, uma casa de rato. Mas... e o gigante elegante, como fica nessa história?

Os trabalhos de Júlia Donaldson e Axel Scheffler são familiares a todos que são apaixonados pela literatura para a infância. Autores de clássicos como "O Grúfalo" e "Macaco danado" a dupla possui em seu currículo uma vasta lista de livros excelentes.


Eu, particularmente, sou apaixonado pelo trabalho dos dois! Os textos divertidos, muitas vezes rimados e as ilustrações cheias de vida e cores fazem com que suas obras sejam apostas certeiras na hora da leitura compartilhada em voz alta.


Em "O gigante mais elegante da cidade" conhecemos Jorge, um gigante que anda por aí com sua camisola e sandália que, há muito, deixaram de ser elegantes. Até o dia em que ele encontra uma loja perfeita, com roupas de sua numeração.


Jorge compra várias peças e sai feliz da vida, sentindo-se o gigante mais elegante da cidade. Porém, em seu caminho, vão surgindo vários sujeitos que estão sofrendo (pelos mais diversos motivos) e Jorge, que além de elegante é completamente solidário, passa a ajudar cada um que se põe em seu caminho.


A história é daquelas "redondinhas", que você vai lendo e sorrindo ao mesmo tempo. Fala de amizade, solidariedade e fazer o bem sem ver a quem. Trata-se também de uma história acumulativa, o que torna a leitura em voz alta ainda mais prazerosa.


O texto de Donaldson e as ilustrações de Scheffler são de encher os olhos e abraçar os ouvidos. Mais um daqueles que precisa fazer parte da coleção/acervo. Lembrando que não adianta ter um acervo rico e cheio de preciosidades se este acervo não CIRCULA, se não tem VIDA, se não chega às mãos daqueles que, em outras circunstâncias, não o conheceriam…


O GIGANTE MAIS ELEGANTE DA CIDADE

Autora: Julia Donaldson
Ilustrador: Axel Scheffler
Número de páginas: 32 páginas
Editora: Brinque-Book
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Resenha: O menino perfeito


Sinopse: Em O menino perfeito, Bernat Cormand nos faz conhecer Daniel, ao longo de um dia, por meio de desenhos extremamente delicados e um texto que seria simples não fosse o peso que as imagens lhe encerram. Com o lápis de cor e uma palheta que não por acaso torna quase tudo da mesma cor, Bernat revela, quase em sussurros, quem é Daniel, o menino perfeito: aluno aplicado, filho dedicado, que obedece aos desejos e expectativas de todos. Mas, o menino impecável, no entanto, carrega no rosto sempre a mesma expressão, que pouco nos diz e traz uma sensação de tristeza. Até que em uma determinada página, nos olha e sorri. Daniel sorri porque guarda um segredo: à noite, quando todos dormem, algo acontece. Uma leitura construída na costura perfeita entre um texto sensível, ilustrações, em cores que, mais do que suaves, são brandas, e, talvez acima de tudo, de silêncios, criando espaços para que o leitor se coloque, reflita e, principalmente, sinta.




Vivemos uma nova era. Da ignorância. Da desvalorização da cultura.


Mas, apesar de estamos vivenciando tempos sórdidos e sombrios, temos, também, pequenas, porém intensas, alegrias, que fazem com que aquela fagulha de esperança continue acesa dentro se nosso interior.


Tendo em vista a complexidade das relações interpessoais nos dias de hoje, no maucaratismo daqueles que estão no poder e da histeria coletiva que parece ter assolado nosso país, é muito bom encontrar autores que se dispõem a produzir literatura de qualidade, que partem de temas que inquietam e constroem narrativas belíssimas e sensíveis que nos deixam de queixo caído, interior remoído e lágrimas nos olhos.


Este é o caso de "O menino perfeito", escrito por Bernart Cormand e publicado pela Livros da Matriz, o livro é uma verdadeira preciosidade!


Para todos, Daniel era o menino perfeito. Sentava na primeira fileira na escola, fazia sozinho o nó da gravata, ajudava sua mãe a pôr a mesa... Pouco a pouco vamos conhecendo a rotina de Daniel e, admito, a expectativa para o desfecho da história vai aumentando a cada virar de páginas.


Até que, pouco a pouco, como se nos tornássemos amigos e a confiança fosse crescendo entre nós (personagem e leitor), Daniel sente-se à vontade para compartilhar seu segredo conosco e... olha, vou falar: um verdadeiro soco no estômago (no bom sentido!). IMPOSSÍVEL não se emocionar, abrir um sorriso e sentir os olhos marejar.


Livro impecável. De uma sensibilidade ímpar, que permeia toda a obra, desde as frases curtas do texto até as ilustrações em tons "sóbrios" das páginas.


Realmente, vivemos uma nova era. Da resiliência. Da RESISTÊNCIA. Do empoderamento.


O menino perfeito


Autor: Bernart Cormand
Número de páginas: 24 páginas
Editora: Livros da Matriz
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Filmes que me moldaram #1: Edukators

Sinopse: Peter e Jan são educadores e anarquistas que invadem casas de pessoas ricas, nunca para roubar, mas para dar um pré-aviso que seus dias de luxo estão contados. Com eles está Jule, uma estudante pobre e namorada de Peter, que convence Jan a ajudá-la a educar um empresário, a quem ela deve dinheiro. Porém quando Jule erroneamente deixa evidências para trás, eles precisam voltar à cena do crime.


     Partindo daquela premissa de que somos resultado dos livros que lemos, das viagens que fazemos e, também, dos filmes que assistimos, resolvi aproveitar esses dias que estou passando sozinho em casa para rememorar alguns dos filmes que foram responsáveis por moldar a pessoa que sou hoje. Muitos deles eu assisti mais de 20 vezes, no mínimo, e foi um processo... A cada vez que eu assisto cada um deles eu redescubro, eu reinterpreto, eu vejo com outros olhos e tento trazer o que vejo no filme, alguma coisa que me marcou, pra minha vida. E eu vejo hoje, com trinta e um anos, que muito da minha personalidade é fruto dessa mescla de referências e de cultura que eu tive. Que eu me expus ao longo dos anos.


     E pra começar falarei sobre um filme que amo, eu vi milhares de vezes, se chama EDUKATORS, é um filme incrível!


"Todo coração é uma célula revolucionária."


     Esqueci-me de dizer que 99% dos filmes que aparecerão por aqui nessa seção "Filmes que me moldaram" foram assistidos pela primeira vez durante a adolescência, portanto, isso por si só já foi muito intenso. Costumo dizer que vivi uma "adolescência tardia", tentando desfrutar de tudo aquilo que reprimi durante muitos anos num curto período de tempo. De maneira intensa e caótica. E isso se aplica também às questões culturais, pois, mergulhei de cabeça em pesquisas e buscas para encontrar músicas, literatura e filmes que conversassem diretamente comigo. Com a pessoa que eu era. Com a que eu queria ser. E com a que eu não sabia que era.


     Edukators é um filme completamente denso. Não sei se esta é a palavra adequada, mas, me vejo aqui, depois de assisti-lo mais uma vez, ainda sem conseguir definir uma palavra para descrevê-lo... 


      O filme nos apresenta a história de três jovens "revolucionários". Jan (Daniel Brühl, crush eterno) e Peter que são amigos de longa data e que à noite, partindo de suas ideias de mudar o mundo e lutar contra o sistema, invadem mansões e criam verdadeiras revoluções dentro delas: reordenando a disposição dos móveis. Pois é, eles não roubam nada, não pilham ou destroem as propriedades, eles assustam os moradores deixando mensagens como "Seus dias de fartura estão contados". Isso, por si só, já faria do filme um espetáculo (impossível não se relacionar com os ideais de Jan e Peter). Mas, o que pesa mesmo e te deixa refletindo por horas, causando um rebuliço no seu interior, são os debates e discussões acerca da ditadura do capital. Ah, temos também Jule, namorada de Peter, que participa de protestos e luta por uma sociedade não capitalista, porém, ao se ver com uma dívida de 94500 euros acaba por se tornar mais uma vítima do sistema, tendo que trabalhar como garçonete atendendo aos tipos que não suporta.


"O que era considerado subversivo hoje se compra em lojas."


     Numa de suas invasões algo acaba dando errado e eles precisam reformular sua maneira de agir, deixando-se levar pelo impulso... Não me prolongarei muito para não estragar a experiência de quem se propor a assistir (deixarei um link de download ao final do post). 


   "As melhores ideias sobrevivem."


     Edukators foi lançado em 2004 mas é super ATUAL. O filme te pega e te deixa vidrado durante o início, meio e fim e, após assisti-lo, você ficará com muitas coisas flutuando em sua mente. Muitas inquietações e reflexões. 


Edukators

Diretor: Hans Weingartner

Duração: 2h07min

Ano: 2004 (mas parece que foi ontem!)

Avaliação: